Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

O grande fetiche nacional

As soluções mágicas que só aumentam o problema

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h26 - Publicado em 18 mar 2022, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • petrobras
    Rio de Janeiro, Brazil, 11 July 2016: Petrobras headquarters building view on Avenida Chile, in downtown Rio. The company was the victim of billions of dollars of losses caused by government corruption. (Photo by Luiz Souza/NurPhoto via Getty Images) (Luiz Souza/NurPhoto/Getty Images)

    Bolsonaro afirmou que a vinculação do preço do combustível à cotação internacional é algo que “não pode continuar acontecendo”. Lula, que botou a culpa na privatização da BR Distribuidora (como se o motorista do caminhão que faz o frete determinasse o preço da mercadoria), declarou que “o preço vai ser brasileiro, porque os investimentos são feitos em real”. Já Ciro Gomes disse que “eu chegando ao governo (…) essa política vai mudar: a Petrobras vai cobrar quanto custa para produzir”. Simples, não?

    Todo problema complexo, dizia o jornalista H.L. Mencken, tem uma solução simples e errada. Bolsonaro, Lula e Ciro se esqueceram de combinar com os russos (e americanos, europeus, chineses). Se o preço for baixo aqui, ninguém venderá para o Brasil e, como não somos autossuficientes, vai haver desabastecimento. Nossos políticos dizem defender a Petrobras e o Brasil, mas obrigar a empresa a vender barato (em vez de vender caro no exterior) trará prejuízos à companhia e aos acionistas — costumeiramente apresentados como figuras satânicas que auferem lucros abusivos e indevidos, mas são na maioria empresas e cidadãos brasileiros, sendo o principal o próprio Brasil.

    Dilma represou o preço do combustível e todo mundo viu no que deu: impôs à Petrobras um rombo de 100 bilhões de reais que praticamente quebrou a companhia e se traduziu em mais dívida, descontrole fiscal, inflação etc. A política de paridade com o preço internacional foi criada justamente para blindar a empresa contra governantes intervencionistas e irresponsáveis como Dilma e outros.

    “Privatizar a Petrobras criaria muito mais valor para a sociedade e levantaria recursos para fazer o que é realmente importante”

    O efeito será similar se o governo determinar o congelamento do preço e escrever um cheque para compensar a perda da Petrobras, ou se abrir mão de imposto, conforme acaba de ser aprovado no Congresso. São outras soluções simples e erradas.

    Continua após a publicidade

    Qualquer providência que reduza o preço do combustível de maneira uniforme implica transferência de renda de pobre para rico: quem anda de trem vai subsidiar quem anda de carro. Se o subsídio se restringir ao diesel, o pobre vai receber subsídio no transporte de comida, mas vai pagar o subsídio do transporte do carro do rico. Só faz sentido falar em subsídio, ainda mais para combustível fóssil, se for para gás de cozinha do pobre, auxílio emergencial, transporte de alimentos, medicamentos, coisas assim.

    Esses argumentos, lamentavelmente, não surtem efeito no Brasil, país que acredita em soluções mágicas e enxerga combustível fóssil como fator estratégico. Mas estratégico é educação, não petróleo: deveríamos privatizar a Petrobras, o que criaria muito mais valor para a sociedade e levantaria recursos para fazer o que é realmente importante (sem falar que a desconcentração reduziria o problema que estamos vivendo hoje). Enquanto o mundo civilizado investe em energia limpa, se organiza para abandonar um combustível ambientalmente insustentável e se prepara para entrar de vez no século XXI, o Brasil segue discutindo pautas dos anos 1950, dando subsídio (uniforme!) para combustível fóssil e destruindo o meio ambiente.

    Pelo jeito, só vamos entender o que está acontecendo quando não houver mais comprador para petróleo. Não falta muito tempo.

    Publicado em VEJA de 23 de março de 2022, edição nº 2781

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    2 meses por 8,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.