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Ricardo Rangel

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Quanto mais sabemos, pior fica

O brutal assassinato de Moïse traz o horror em várias camadas

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 fev 2022, 09h21 - Publicado em 3 fev 2022, 16h25

Quanto mais detalhes sabemos, pior fica.

Primeiro, soubemos que o congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, foi espancado até a morte.

Depois, vimos o vídeo, chocante, que mostra Moïse, com pés e mãos amarrados, ser assassinado a pauladas — que não param mesmo depois que ele está desmaiado (ou já morto).

Aí descobrimos que um casal viu o que estava acontecendo, pediu ajuda a guardas civis que intercedessem, mas estes ignoraram o caso.

Então ficamos sabendo que a Polícia Militar intimidou a família de Moïse para deixar tudo por isso mesmo.

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Por fim, assistimos a os culpados assassinarem também a reputação de Moïse, na repugnante tentativa de botar a culpa do crime na vítima e escapar da punição.

Parece um filme de horror.

O ministro da Segurança, Anderson Torres, ficou em silêncio.

A ministra dos Direitos Humanos Damares Alves, ignorou a notícia mais falada da semana, e, depois de muito cobrada, deu uma declaração protocolar.

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O Itamaraty, do ministro Luiz Carlos França, soltou uma nota de indignação, mas a indignação surgiu somente depois de vários dias de silêncio e uma cobrança pública feita pela embaixada da República Democrática do Congo sobre esse, e outros, assassinatos de congoleses.

O ministro da Segurança, Anderson Torres, ficou em silêncio.

O ministro Gilson Machado, do Turismo, cujo trabalho é evidentemente afetado pela notícia, estampada em vários jornais do mundo, do frio e brutal assassinato de um estrangeiro no Brasil, permanece até agora em silêncio.

Em país que tem presidente autoritário e mercurial, ministro evita se manifestar antes de o chefe sinalizar o que deve ser dito.

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E Jair Bolsonaro, como esperado no caso do assassinato de um rapaz pobre, negro e estrangeiro, permanece em silêncio.

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