Tiro no pé maior do que a pressão do governo para sustar o manifesto da Fiesp e da Febraban nunca se viu.
O texto do manifesto veio a público da mesma maneira, e todo mundo ficou sabendo que industriais e banqueiros estão insatisfeitos com o governo.
Ao entender que um manifesto em favor da harmonia entre os Poderes era uma crítica à sua pessoa, Bolsonaro vestiu a carapuça de que é ele quem contribui para a desarmonia.
Ao manipular bancos públicos para pressionar empresas privadas, Bolsonaro demonstrou que é autoritário, não aceita o contraditório e não respeita a coisa pública.
Ao ameaçar empresários, transformou a insatisfação dos empresários em irritação, quando não raiva.
Ao impedir um manifesto, precipitou a publicação de outro, do setor moderno do agronegócio, muito mais contundente, contra o governo.
Ao sustar um manifesto anódino deu a ele muito mais repercussão do que ele teria se tivesse sido publicado.
E fez tudo isso na cara da sociedade, provocando contra si mesmo enorme desgaste político e eleitoral.
Mais perfeito do que isso, impossível.