A crise na Venezuela, que obriga milhares de venezuelanos a abandonarem o país em situação de miséria, é também responsabilidade do Brasil. A afirmação é do general Sérgio Westphalen Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ele esteve em Porto Alegre na última terça-feira, 12, para uma palestra na Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA) – o ministro é gaúcho. O general também falou sobre o trabalho da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no combate às notícias falsas, as chamadas fake news, na internet durante as eleições deste ano. Agentes chegaram a viajar aos Estados Unidos para investigar o assunto.
Sem citar os antecessores do presidente Michel Temer (MDB), os petistas Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, Etchegoyen disse que o suporte dado aos governos venezuelanos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro é mais um motivo para o Brasil não fechar a fronteira para os refugiados e ser solidário com os vizinhos.
“Temos que olhar no espelho, como nação, como cidadãos, e avaliarmos o nível de responsabilidade que temos. [A situação na Venezuela] chegou onde chegou porque o Brasil apoiou. Não interessa se era [um país] amigo. Nós sustentamos essa tragédia para chegar até aqui”, afirmou o ministro diante da plateia formada por empresários.
“Não temos antecedente histórico dessa natureza na nossa fronteira: um país vizinho que desmorona e deteriora sua política ao ponto de quatro milhões deixarem o país em busca de comida. De um dia para outro, temos uma multidão de pessoas em busca de comida [em Roraima. Não adianta fecharmos a fronteira se somos um país que teve as fronteiras abertas para que nossos ancestrais viessem para cá”, acrescentou.
O ministro destacou o trabalho das Forças Armadas que, em conjunto com outros órgãos, servem 6.000 refeições por dia nos centros de acolhimento, colaboram com o cadastro dos refugiados, tratamentos de saúde e busca por emprego.
Etchegoyen mostrou fotos das barracas montadas pelo governo em Boa Vista, espaços para as redes, típicas dos indígenas venezuelanos, e até um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com venezuelanos a bordo com destino a cidades onde seriam recebidos. “Meu orgulho”, falou sobre o trabalho.