O presidenciável Guilherme Boulos (Psol) disse nesta segunda-feira, 9, em Porto Alegre, que o episódio envolvendo a “guerra de decisões” sobre o habeas corpus concedido ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o “domingo da vergonha” e “esculhambação” do Judiciário.
O habeas que concedia liberdade provisória a Lula foi decidido pelo desembargador Rogério Favreto, do TRF4, mas a Polícia Federal não cumpriu a ordem e o habeas acabou anulado pelo presidente do tribunal, o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores. Favreto tem ligação com o PT, mas disse em entrevista à Rádio Guaíba que “não tem apreço ou desapreço a partidos ou pessoas” e que “decide de acordo com a fundamentação” dos processos.
“Se o que aconteceu é ‘ordem que eu gosto se cumpre e ordem que eu não gosto não se cumpre’, então fecha a porta. Não dá para ser desse jeito”, disse o pré-candidato à Presidência durante o “Café com Boulos”, gravado em uma cafeteria da capital gaúcha.
“É aquela velha história do menino mimado que quando perde o jogo coloca a bola debaixo do braço e vai embora para casa. Não dá para ser. O país não pode ficar refém de xerifes que querem impor sua vontade ao arrepio da lei e das ordens judiciais, que é o que nós vimos no dia de ontem”, disse Boulos, criticando o juiz Sergio Moro, que estava de férias, mas se manifestou em despacho contrariando a decisão de Favreto.
“Vamos fazer a ‘listinha das arbitrariedades’ de ontem: Moro, Gebran, Thompson Flores, direção da PF e ministro da Justiça. A ordem chegou, a direção da PF tinha que ter cumprido. Uma ordem judicial tem que cumprir, se chegar outra ordem depois você cumpre a outra ordem”, disse o presidenciável.
“O Judiciário quer se colocar em uma cruzada moralizadora da sociedade? Então deveria se preocupar também em moralizar o próprio quintal. Auxílio-moradia?”, disse o pré-candidato do Psol, criticando o auxílio recebido por juízes.