Excedente da agricultura poderia ajudar venezuelanos refugiados
Deputado propõe que governo federal compre arroz e leite de produtores gaúchos que enfrentam crise nos preços e concorrência de produtos importados
A ajuda aos 40.000 venezuelanos que deixaram seu país nos últimos anos fugindo da miséria e agora vivem em Boa Vista, capital de Roraima, pode contar com alimentos produzidos por agricultores do Rio Grande do Sul.
A compra de leite e arroz para os refugiados também ajudaria a escoar a produção excedente do estado, colaborando com os produtores gaúchos que enfrentam crise nos preços e forte concorrência dos alimentos vindos de outros países do Mercosul. A ideia foi elaborada pelo deputado federal Jerônimo Goergen (Progressistas-RS) e será protocolada como emenda à Medida Provisória que entrou em vigor na última sexta-feira, quando foi publicada no Diário Oficial. A emenda precisa ser aprovada para entrar em vigor.
A MP 820 assinada pelo presidente Michel Temer (MDB) determina “assistência emergencial para acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade decorrente de fluxo migratório provocado por crise humanitária”. Por isso, no quesito alimentação, Goergen quer acrescentar a compra do excedente da produção para fortalecer os agricultores.
“A ideia é fazer com que as doações humanitárias funcionem também como mecanismo de comercialização. Há muito excedente e o dinheiro que o governo coloca para baratear o produto para exportação, auxiliando no custo do frete, é pouco perto do que precisa. Mas junto com uma grande compra para ajuda humanitária, daqui a pouco se consegue tirar o excedente”, disse Goergen a VEJA.
O deputado é contra criar o que chama de “campos de refugiados” e defende uma ação mais energética do Brasil contra o governo de Nicolás Maduro, mas entende que a compra dos alimentos ajudaria todas as partes envolvidas.
Em 2017, a senadora Ana Amélia Lemos (Progressistas-RS) chegou a sugerir na Comissão de Relações Exteriores (CRE) a compra do excedente de leite para doar a países que enfrentam o problema da fome.
A Venezuela enfrenta uma situação delicada, com fortes tensões políticas, desabastecimento de produtos básicos e uma inflação que chegará a 13.000% em 2018, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).