O administrador Luiz Fernando Portella está há seis meses filiado ao Partido da Mulher Brasileira (PMB), pelo qual é pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul. Para ele, não é um contrassenso ser um homem concorrendo pelo partido. “A questão da escolha do PMB não é contraditória. Não precisamos ser deficientes físicos para lutar pela acessibilidade. Temos como bandeira a inserção e maior participação das mulheres no cenário político”, diz.
Portella acredita que há um “grande clamor” por novas figuras na política e quer ser governador do estado para ser “uma alternativa sem comprometimento com grupos políticos”.
Luiz Fernando Portella é o sexto entrevistado, por ordem alfabética, nessa série de VEJA com os pré-candidatos ao Piratini. A primeira entrevistada foi Abigail Pereira (PCdoB), o segundo entrevistado foi Eduardo Leite (PSDB), o terceiro foi Jairo Jorge (PDT), o quarto foi Julio Flores (PSTU) e o quinto foi Luis Carlos Heinze (PP). Abaixo, a entrevista de Portella e fotos de arquivo pessoal selecionadas por sua equipe a pedido de VEJA.
Data de nascimento: 19/10/1980
Naturalidade: Porto Alegre
Estado civil: solteiro
Filhos: não
Formação: Contabilidade e Administração
Profissão: administrador
Histórico de filiação partidária: Há seis meses no PMB, antes PL e PR
Por que o senhor quer ser governador?
O desejo de estar à frente deste projeto é fruto de um grande clamor da sociedade por novas alternativas e um jeito novo de se fazer política. Estamos todos cansados de ver a cada nova eleição os mesmos nomes, projetos e grupos serem opção para estar à frente do estado. Queremos ser uma alternativa sem comprometimento com grupos políticos, o que tem levado a um jogo de poder onde a sociedade é quem sai como perdedora.
Por que o senhor escolheu o Partido da Mulher Brasileira (PMB)? O senhor acha que é uma escolha contraditória?
A questão da escolha do PMB não é contraditória. Não precisamos ser deficientes físicos para lutar pela acessibilidade. Temos como bandeira a inserção e maior participação das mulheres no cenário político. Nosso grupo vinha participando de vários encontros com vários partidos e, no PMB, encontramos a liberdade de a transparência para, de forma plural e participativa convergir vários grupos, sem ter que comprometer princípios e ideais em troca de espaço. Essa transparência e liberdade é muito válida no debate interno e construções de ideias e projetos.
Como o senhor fará para pagar os salários dos servidores em dia?
O pagamento da folha é obrigação do estado. Vamos trabalhar em três pontos para que isso ocorra. O aumento de receitas e combate à sonegação com uma grande campanha junto à sociedade. A implantação de boas práticas de governança na administração pública com combate ao desperdício e às fraudes, e trabalhar com responsabilidade fiscal. Além disso, buscar junto ao governo federal e mecanismos internacionais recursos para que possamos, no curto prazo, equacionar as contas do estado.
Como o senhor fará para tirar o Rio Grande do Sul da crise?
A crise econômica do estado tem solução desde que a gestão da máquina pública seja feita de forma otimizada, menos burocrática e de forma profissional. O estado nada mais é do que uma grande empresa, que tem que buscar boas ações de governança na sua gestão. O combate à sonegação também é fundamental, pois não podemos desperdiçar recursos e onerar os bons pagadores, estimulando uma concorrência desleal. As parcerias com a iniciativa privada e a participação de representantes das principais cadeias produtivas do estado junto ao governo também têm caráter prioritário na busca da retomada do crescimento do estado. Queremos colocar o Rio Grande do Sul como destaque nacional de desenvolvimento e crescimento.
A segurança é um dos temas que mais preocupam os gaúchos. Quais são as propostas do senhor para a área?
A questão da segurança é prioridade total em nosso projeto de governo. A falta de segurança gera impactos negativos em todas as áreas de interesse social. Vamos recompor os quadros de pessoal, modernizar as estruturas e equipar a Brigada Militar e Polícia Civil. E trabalhar forte com ações para sufocar o crime organizado e coibir o tráfico de drogas, que acaba sendo o grande financiador da criminalidade.
No Rio Grande do Sul, qualquer privatização precisa ser aprovada por votação popular em um plebiscito. A atual gestão tentou, primeiro, retirar a obrigatoriedade do plebiscito para realizar as privatizações e, depois, tentou realizar o plebiscito simultaneamente às eleições antecipando o prazo da convocação. Qual é a opinião do senhor sobre a lei e sobre a privatização?
A questão do plebiscito é muito positiva para validar as iniciativas do governo e inserir a sociedade no debate. Em relação à privatização, sou favorável. O estado não tem condições de manter os serviços básicos e acaba destinando recursos importantes para manter estatais e fundações que são deficitárias e não têm necessidade estratégica para o desenvolvimento do estado. Devemos, sim, manter aquelas que são rentáveis e têm utilidade pública com serviços à população. Temos que estar abertos a debate e encontrar caminhos para a retomada do crescimento do estado.
Qual é a opinião do senhor sobre a política nacional?
A política do Brasil passa por uma nova fase e momento. A população tem clamado por novas alternativas e uma nova maneira de lidar com os interesses públicos. Não podemos mais conviver com a corrupção e alianças que visam os interesses pessoais. Acredito que estamos em um momento de maturidade da democracia que vai ter reflexos positivos nas urnas.
Qual dos candidatos a presidente o senhor acha mais preparado e por quê?
Ainda não está claro quais serão os representantes e quais alianças serão formadas. Acho prematura me posicionar sem o início dos debates e a apresentação de propostas e planos de governo.