Ranking mostra bairros mais inseguros de Porto Alegre para morar
Startup do setor imobiliário cruzou dados demográficos com registros de crimes
A insegurança da capital gaúcha, que 82,5% dos porto-alegrenses consideram uma cidade bastante violenta, afeta também a escolha de um imóvel e sua localização. Por isso, cruzando informações sobre crimes e indicadores demográficos, uma empresa imobiliária especializada no uso de dados para elaborou um ranking com os cinco bairros mais inseguros e os cinco mais seguros de Porto Alegre (veja abaixo).
Entre os bairros mais inseguros está o Centro Histórico, onde estão pontos históricos e turísticos como o Palácio Piratini, sede do governo estadual, e o Mercado Público. O que torna a região central insegura, porém, não são crimes graves como homicídios e latrocínios, mas os crimes considerados “leves” como furtos e roubos a pedestres. Outros bairros inseguros do ranking, como o Rubem Berta, registram mais grandes delitos do que os pequenos.
Responsável pelo levantamento, a Urbanis, uma imobiliária com características de startup, identificou também quais os perfis dos clientes que mais levam em conta a questão da segurança para decidir sobre a compra de um imóvel. Uma pesquisa encomendada à OpinionBox revelou que casais são os que mais dão importância à segurança. Segundo a pesquisa, 97,4% dos casais jovens sem filhos dão grau máximo de relevância para o quesito. Quando o casal tem filhos, o peso dado ao item sobe para 100%.
Segundo o Gabriel Fiori, sócio-gestor da Urbanis, os dados demográficos e de criminalidade são cruzados com mapas digitais de georreferenciamento. Segundo explicou a VEJA, o acesso aos dados oficiais de criminalidade é prejudicado porque as informações disponibilizadas pelo estado não possuem divisão por bairros, apenas por cidade e tipos de crime. Por isso, a empresa usa dados abertos de vítimas que registram crimes em plataformas como “Onde fui roubado”. Além disso, uma série histórica de crimes desde 2011 em Porto Alegre, com registros de assassinatos nos bairros, dá consistência ao ranking. Esses dados são atualizados diariamente pelo jornal Zero Hora no projeto Raio-X da Violência.
Em 2016, Porto Alegre registrou 55,6 homicídios a cada 100.000 habitantes – quase o dobro da taxa brasileira no mesmo período, de 29,7 homicídios. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera uma epidemia de assassinatos quando são registrados mais de dez casos a cada 100.000 habitantes. Porto Alegre, portanto, vive uma epidemia de homicídios. A escalada de violência fez com que empresários doassem 14 milhões de reais para reforçar a segurança na cidade.