“Não me conformo de ver na imprensa e na internet, o tempo todo, o nome da cidade americana escrito como ‘Nova York’. Ou é New York ou é Nova Iorque, concorda? Essa mistura de português com inglês é que não me desce!” (Adriana Fischer)
Muita gente, como Adriana, se incomoda com o fato de que a cidade de Nova York é assim chamada pela quase totalidade da imprensa brasileira – em Portugal, prefere-se a forma “Nova Iorque”.
Alegam esses incomodados que, por uma questão de coerência, seria preciso ou aportuguesar o nome todo, Nova Iorque, ou mantê-lo integralmente no original, New York. Há bons professores de português que concordam com isso – aqui, um exemplo entre muitos.
Reconheça-se que, de fato, a opção entre aportuguesar tudo e nada aportuguesar é aplicada à maioria dos topônimos, os nomes de lugares. A regra geral é “traduzir” (isto é, adaptar) os famosos, como Milão, Londres, São Petersburgo, Cidade do Cabo, e preservar a grafia original daqueles que são menos familiares – Heildelberg, Salt Lake City, Falluja, Perth. Por que, então, Nova York é esse híbrido?
Hoje, porque a forma se consagrou – essa é fácil. No entanto, se quisermos chegar à origem do tratamento diferente, é provável que encontremos por lá a interpretação do nome da cidade como duas unidades com estatutos distintos: Nova, um adjetivo, é termo do vocabulário comum, e portanto traduzível; já York, nome próprio perfeitamente pronunciável do jeito que está, permanece intocado.
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