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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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A atriz novata que roubou totalmente a cena em ‘Vai na Fé’

Intérprete de Kate na novela das 7 da Globo, Clara Moneke foi a sensação da trama que chega ao fim em 11 de agosto

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2024, 23h01 - Publicado em 3 ago 2023, 19h15

Sucesso incontestável da Globo, Vai na Fé se aproxima do fim — o último capítulo da novela das 7 vai ao ar em 11 de agosto, e, entre várias ótimas atuações, uma atriz em especial roubou totalmente a cena da trama de Rosane Svartmann. Clara Moneke, intérprete da espontânea Kate, já deixa saudade no público do folhetim. Com a ajuda do texto afiado de Rosane e de sua colaboradora Renata Sofia, uma das principais responsáveis pelos roteiros da personagem, a filha de Bruna (Carla Cristina Cardoso) e a atriz puderam brilhar com diálogos cômicos e cenas dramáticas. Dona de um carisma contagiante, a jovem de ascendência nigeriana sempre tem falas que repercutem nas redes sociais, principalmente no Twitter, onde viraliza com frequência ao dar apelidos como “brigadeirão” para o tio Ben (Samuel de Assis) ou “faixa gospel” à melhor amiga, Jennifer (Bella Campos), que é evangélica.

Mas o talento de Clara Moneke não se resumiu à comédia. A atriz também provou ter dom para o drama ao contracenar com Emilio Dantas, o vilão ardiloso Théo, e com Regiane Alves, intérprete de Clara. Diversos momentos atestaram isso, como as cenas em que Kate sofreu violência psicológica de Théo, ou na sequência tocante em que explodiu de nervoso ao ser confrontada por Clara a respeito do caso que vivera com o crápula. Em todos os capítulos, a novata não diminuiu perto dos veteranos.

Em entrevista a VEJA, a atriz de 24 avalia o sucesso do seu primeiro trabalho como atriz na TV após anos no teatro e trabalho como palhaça de circo, chegando a quase desistir da atuação ao cursar hotelaria. Confira:

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A Kate é carismática e engraçadíssima, assim como você. Como tem sido roubar a cena em Vai na FéA novela já virou uma marco na teledramaturgia da TV brasileira. Fazer parte desse trabalho já é uma das coisas mais gratificantes na minha vida. Ainda mais pela minha personagem, Kate, que tem ganhado tanto reconhecimento. Estar nesse local de reconhecimento e ter esse espaço, podendo ouvir tanto do público e ser inspiração levando alegria para tantas pessoas, não consigo sentir outra coisa senão a sensação de dever cumprido, de um grande grupo que deu certo. Me sinto muito grata.

Por que acha que a Kate virou uma sensação tão grande? A Kate virou sensação porque ela é muito real. Rosane Svartman e seus colaboradores conseguiram criar uma personagem com muitas camadas. Isso forma uma identidade e uma verdade cênica que as pessoas não estão acostumadas a ver em novelas. Acho que a união do texto com a nossa direção e a minha interpretação foi uma avalanche para que a Kate pudesse se transformar. E junta-se a isso a caracterização e o figurino, tudo em uma sincronia tão boa, que não tinha como ter um resultado ruim. A sensação da Kate, para além da Clara, é essa sinergia, a fluidez que temos entre equipe, roteiro, direção e figurino. Tudo tem muita conexão.

Você estudou teatro, hotelaria e conheceu o Marcelo D2, o que ajudou na sua trajetória, mas pode contar um pouco mais de como foi seu caminho até aqui, por favor? Foi um longo caminho. Resumindo um pouco, toda a trajetória foi marcada por muita dúvida até ter certeza que tudo daria certo. Comecei teatro nova, achei que fosse viver disso por muito tempo, até que vieram dúvidas por estar há sete anos neste ofício e não ganhar dinheiro. O que fazer diferente de arte, já que eu só sabia fazê-la? Comecei uma faculdade de hotelaria, que estava gostando. De lá, comecei a trabalhar com publicidade. Mas sempre com a dúvida se a arte voltaria pra minha vida. A vida do artista no Brasil é pautada muito na insegurança. Posso dizer que essa ascensão é resultado de muita perseverança minha, da minha família e amigos. Agora, posso dizer que estou segura, feliz e não tenho medo de olhar para trás e dizer que me sinto orgulhosa.

Durante a novela, sua personagem se relacionou com Hugo (MC Cabelinho), Théo (Emilio Dantas) e Rafa (Caio Manhete). A que atribui tanta química com três atores tão diferentes? À minha habilidade e esperteza de estar aberta ao outro. Quando a gente se permite não julgar e abraçar o personagem de uma forma ampla, todas as propostas de casais que foram trazidas à Kate, fechei meus olhos e abri meu coração para que as coisas pudessem acontecer. Essa emoção genuína trouxe muita verdade para esses casais. E também são pessoas incríveis, apaixonáveis e talentosas que nenhuma dessas junções poderia dar errado. Cabelinho surpreende, cada gravação é um aprendizado.

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Inclusive, o romance entre Kate e Rafa arrematou o público de cara, certo? Fiquei chocada que desde a nossa primeira cena as coisas fluíram, e as pessoas ficaram apaixonadas, no dia seguinte já tinha fã clube e nome do casal. “Kael”, de Kate e Rafael. Fico muito feliz. Tendo o carinho do público, acho que não tem como dar errado.

Por que acha que Vai na Fé fez tanto sucesso? Porque temos uma autora muito conceituada e muitos talentos juntos em um grupo de roteiristas que entendem do que estão escrevendo. Vai na Fé é uma conjunção de sucessos, coisas dando certo. Tudo é alinhado, texto, direção, elenco e equipe em conexão. Não tem como dar outra coisa.

Você já recebeu elogios da Taís Araújo nas redes sociais. Já se vê como uma inspiração para novas gerações de atrizes? É difícil eu mesma me ver como inspiração. Na verdade, as pessoas me colocaram nesse lugar e é uma honra poder ser para as pessoas o que eu não tive. As minhas referências de mulheres jovens, pretas, escuras, retintas nunca tive. Muito menos em destaque. A gente tem a forma que a gente sabe, como nossos corpos eram representados. Então poder estar na televisão em horário nobre, em uma empresa grande, maior canal de comunicação do Brasil, como a mulher preta, segura, digna e mostrando para as meninas pretinhas, escuras como a noite, que elas podem estar onde quiserem, é muito importante. Agradeço muito à elas por terem me abraçado e me colocado como referência.

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