A denúncia de racismo do astro de ‘Lupin’ contra a França
Omar Sy se defendeu dos ataques sofridos após declarar que os franceses se solidarizam pela guerra na Ucrânia, mas ignoram conflitos na África
Omar Sy, protagonista da série Lupin, da Netflix, reagiu às críticas recebidas após ter declarado que a França se solidarizou pela guerra da Ucrânia, mas que nunca se importou com os conflitos frequentes na África, e definiu os ataques como exemplos do racismo. Em uma entrevista ao jornal Le Parisien sobre seu novo filme, Father & Soldier, o ator afirmou que conflitos africanos geram muito menos comoção. “Isso significa que quando está na África, te comove menos… Eu me sinto igualmente ameaçado, seja no Irã ou na Ucrânia. Uma guerra é uma sombra negra sobre a humanidade, mesmo quando está do outro lado do mundo. Lembramos que o homem é capaz de invadir, de atacar civis e crianças. Parece que tivemos que esperar pela Ucrânia para acordarmos para isso”, disse Sy.
Father & Soldier narra a história real de um homem senegalês que se voluntaria para lutar na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) para acompanhar seu filho. O drama chega a ser pessoal para Omar Sy, que nasceu e foi criado na França, mas seus pais são de países colonizados por franceses: Mauritânia e Senegal.
Após a declaração, a deputada francesa Nathalie Loiseau postou uma resposta ao ator no Twitter, lembrando de 58 militares franceses que morreram na região norte-africana do Sahel de 2013 a 2022, lutando contra insurgentes extremistas. “Não, Omar Sy, os franceses não estão ‘menos tocados’ com o que acontece ‘na África’. Alguns deram suas vidas para que os malienses parem de ser ameaçados por terroristas’, escreveu a política centrista. No talk show 28 Minutes, o artista rebateu: “O que eu disse em francês está em uma entrevista que está disponível no Le Parisien. Leia e tente entender. Se você não entende, é uma pena para você. Claro, é racismo e estou dizendo isso em voz alta. É por ser filho de imigrante que não posso me expressar na França? Porque sou negro, não posso me expressar na França? Pessoas que pensam isso são racistas, estou denunciando e mantenho o que digo”.