Caco Ciocler estrela mais uma temporada da série Unidade Básica, do canal pago Universal TV, a partir de 1º de outubro. No terceiro ano da produção, o Dr. Paulo (Ciocler) e a equipe de profissionais da saúde da UBS enfrentam a pandemia de Covid-19. As gravações começaram no final do ano passado, e a trama mostrará um recorte da crise sanitária que afetou principalmente a parcela pobre da população que precisou recorrer ao SUS. Em entrevista a VEJA, o ator de 51 anos detalhou o processo de conclusão dos oito episódios, dos quais dirigiu dois.
Confira:
Como foi concluir a gravação da terceira temporada de Unidade Básica? É sempre uma sensação de corrida contra o tempo. A gente tem um cronograma de filmagem super apertado e ficamos tentando fazer com que tudo aquilo que a gente planejou dê certo. A gravação é um momento em que a gente tem que conciliar o sonho com a realidade, então quando a gravação termina é uma sensação de dever cumprido, fizemos o que a gente conseguiu fazer. E você acaba com umas sensações de insegurança sobre o trabalho, então é um alívio. E no processo de edição é interessante notar as coisas que pareciam não ter dado certo durante a gravação, mas que deram. Há também os personagens se revelando, o que é interessante, porque não sabemos exatamente o que cada ator está entregando, e quando assistimos o material essa dimensão é incrível. E, claro, tem todo um processo de aprimoramento e agora vamos ver como o público receberá.
Agora que passou um tempo da finalização e episódios inéditos vão estrear daqui alguns meses, o que avalia como a parte mais desafiadora dessa temporada? Foi complicado falar da pandemia nesse momento que estamos na série, porque eu tenho a sensação de que — e isso eu falei muito ali no começo do projeto — não sei o quanto as pessoas terão de interesse em revisitar essa tragédia hoje em dia. Por outro lado, ganhamos um certo distanciamento do que foi, do momento mais crítico da pandemia, então, eu acho que o grande desafio da série foi apresentar a pandemia com esse olhar distanciado, de você poder dizer: ‘Nossa, foi assim que chegou no SUS’. Lembrando que todos os casos de Unidade Básica, todos os episódios de todas as temporadas, são baseados em casos reais.
Como espera que o público reaja ao retrato da pandemia de Covid-19? Tentamos imprimir um olhar curioso, renovado, de uma história que todo mundo vivenciou, assistiu à exaustão e cansou de vivenciar essa tragédia. Acho que o grande desafio é gerar esse interesse para o público olhar essa história outra vez. Eu espero que o público possa ver como um documento histórico do que foi essa tragédia sob o ponto de vista das unidades básicas de saúde. E também torço para que os espectadores se conectem com a série, que todos possam voltar a ver a importância do SUS na saúde pública brasileira.
O senhor está terminando a faculdade de biologia. Como surgiu o interesse em fazer este curso? Acho que foram várias coisas. Eu queria voltar a estudar, li um livro que mexeu muito comigo, sobre inteligência das árvores, fiquei muito fascinado. Foi um estalo, tive uma vontade de estudar o ser humano. A minha profissão é um constante estudo do ser humano, mas de uma maneira subjetiva, então comecei a sentir falta da concretude humana, das células, das coisas vivas. Foi uma intuição. No meo do curso quase mudei para medicina, mas seria uma decisão muito radical, uma mudança de vida que exige muita dedicação.
Quais são seus próximos projetos? Rodei muitos filmes e gravei muitas séries no ano passado, então estou na expectativa da oficialização das datas. Mas, além de Unidade Básica, acabei de gravar Americana, uma série do Star+ que deve estrear só no ano que vem. E estou rodando agora Overman, que é um filme de super-herói baseados nos quadrinhos da cartunista Laerte, vai ser o primeiro super-herói da minha carreira.