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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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Apple TV+ mira em ‘Black Mirror’ ecológico com a série ‘Extrapolations’

Produção com estrelas hollywoodianas imagina um futuro transformado pelas mudanças climáticas — e faz uma previsão assustadora para a floresta amazônica

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 mar 2023, 12h10

Scott Z. Burns estava na segunda série do ensino fundamental quando foi acometido por sua primeira preocupação ecológica: ele descobriu que as baleias jubartes corriam risco de extinção. O jovem americano fez então um projeto para arrecadar verba e ajudar uma instituição voltada para a preservação destes gigantes marítimos. “Eles me mandaram de presente um disco com sons de baleias e aquela gravação me assombra até hoje”, diz ele em entrevista a VEJA. Hoje aos 60 anos de idade, Burns assume que suas inquietações com a natureza só aumentaram. Produtor e diretor, ele pautou sua jornada profissional em torno da mensagem ecológica, especialmente após integrar a equipe do documentário premiado Uma Verdade Inconveniente (2006), de Al Gore. “O ativismo é parte de quem eu sou e aprendi a transformar esse interesse em entretenimento, levando conhecimento a mais pessoas.” Essa jornada culmina agora em seu projeto mais ambicioso, a série da Apple TV+ Extrapolations – Um Futuro Inquietante.

Com elenco estrelado, passando por nomes como Meryl Streep, Marion Cotillard, Tobey Maguire, Diane Lane, Kit Harington, Sienna Miller, entre muitos outros, a série de tom apocalíptico, uma espécie de “Black Mirror ecológico”, transita por um futuro no qual o planeta não cumpriu suas metas de impedir o aquecimento global. As mudanças climáticas vão desde problemas de saúde crônicos causado pela qualidade precária do ar até extremos como a falta total de água em alguns países e a inundação de outros, além da extinção de espécies inteiras.

Segundo o criador da série, o material para o roteiro era abundante no noticiário. “Todos os dias, mandávamos para a equipe histórias inspiradas nas notícias do dia, de incêndios gigantescos a icebergs se quebrando, tudo condizia com o que já planejávamos para o roteiro”, conta. “Era triste ler estas notícias, mas também era uma motivação, pois significava que estávamos no caminho certo.”

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Cada episódio da série é ambientado em um ano específico, começando em 2037 indo até 2070 – um futuro não tão distante do atual. O capítulo de abertura apresenta boa parte dos personagens e suas intenções: mudar o rumo catastrófico para o qual o planeta segue ou se aproveitar do apocalipse vindouro para lucrar. Um deles, o principal vilão, é o bilionário Nicholas Bilton (vivido por Kit Harington), que por vezes se apresenta como a chance de salvar o planeta com suas invenções mirabolantes – quando, na verdade, ele está por trás de ações que podem culminar em um “ecocídio”: nome dado à destruição em massa do meio ambiente. “Quanto mais poder e influência uma pessoa tem, mais responsável ela é; mas mostramos personagens com menos poder fazendo escolhas ruins. Espero que tenhamos representado a responsabilidade de todos os níveis”, diz Dorothy Fortenberry, produtora executiva da série.

Diane Lane e Kit Harington na série 'Extrapolations - Um Futuro Inquietante' -
Diane Lane e Kit Harington na série ‘Extrapolations – Um Futuro Inquietante’ – (//Divulgação)

A temática ainda ajudou a atrair o elenco estelar, especialmente, claro, atores e atrizes preocupados com as mudanças climáticas. “Não há nada mais importante do que o ambiente do qual dependemos”, diz Diane Lane a VEJA. A atriz de 58 anos interpreta uma executiva que trabalha com o personagem de Harington. “Eu me lembro dos anos 80, quando ouvi pela primeira vez sobre a preocupação em salvar a Amazônia, de pessoas dizendo que a floresta era o pulmão do mundo; e eu me sinto muito conectada a vocês ao ver tudo que o Brasil vem passando nos últimos anos”, disse a atriz. Na previsão feita pela série, aliás, a floresta amazônica dificilmente chegará viva ao ano de 2059. Um alerta que não deveria ser ignorado.

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