As histórias polêmicas da vida de Elizabeth II revividas em ‘The Crown’
Série da Netflix retratou controvérsias que a monarca preferia que caíssem no esquecimento, de primas perdidas à invasão do palácio real por um stalker
Todo mundo tem algum momento da vida que preferiria esquecer. Não foi diferente, é claro, com a rainha Elizabeth II, a monarca mais longeva do Reino Unido, morta nesta quinta-feira, 8, aos 96 anos. Se para uma pessoa comum basta não falar sobre o assunto e deixá-lo cair no esquecimento, a coisa fica mais complicada quando se tem todas as lentes apontadas para você. No caso da Rainha Elizabeth, além dos tabloides e da própria população, há ainda uma produção inteira relembrando momentos da sua vida, inclusive os negativos. Narrativa ficcional inspirada na realeza britânica, The Crown é uma das produções mais prestigiadas da Netflix, e já cutucou feridas dolorosas da monarca. Confira a seguir passagens revividas pela série que Elizabeth preferia esquecer.
A irmã Margaret e Peter Townsend
O relacionamento de Margaret com o capitão da força aérea real Peter Towsend foi um grande escândalo para a família real, e estremeceu a relação de Elizabeth com a irmã. Na época, Towsend era casado e mais velho que a princesa, mas se divorciou da esposa e estava determinado a casar-se com Margaret. O problema é que a Igreja Anglicana, chefiada pela rainha, era contra o divórcio. Cabia a Elizabeth, portanto, dar autorização para a união, mas ela se recusou e pediu que a irmã esperasse até os 25 anos e decidisse por si mesma. Quando essa idade chegou, Elizabeth manteve sua posição oficial, mas um acordo foi feito com sua autorização para que o casamento acontecesse, antes que a própria Margaret desistisse do matrimônio. A série retrata Elizabeth mostrando à irmã mais nova tudo o que perderia se optasse pela união, fazendo com que a princesa parecesse não ter outra escolha a não ser abrir mão do amor. A passagem estremeceu a relação das duas e gerou uma imagem controversa de que a rainha seria culpada da vida tumultuada e infeliz de Margaret.
O desastre de Aberfan
Em 1966, uma mina de carvão colapsou no vilarejo de Aberfan, no País de Gales, desencadeando uma avalanche de detritos que matou 116 crianças e 28 adultos. O caso é retratado na terceira temporada de The Crown, e a reação ao ocorrido é um dos grandes arrependimentos da rainha. Isso porque, por causa dos protocolos reais, a monarca só visitou a comunidade 8 dias depois do desastre. Segundo Sir William Heseltine, que trabalhava no órgão de imprensa do palácio na época, a monarca se arrependia até os dias de hoje da demora em ir ao local e prestar suas condolências às vítimas, já que o acontecido marcou uma das poucas vezes em que Elizabeth foi vista chorando em público.
Primas rejeitadas
Em 1987, o tabloide The Sun criou um escândalo ao revelar a existência de Nerissa e Katherine Bowe-Lyons, primas da rainha dadas como mortas nos registros da realeza e mantidas trancafiadas em um hospital psiquiátrico. O caso polêmico que estourou durante o reinado de Elizabeth foi revivido em The Crown, embora até hoje a realeza tente enterrar a história macabra não reconhecendo oficialmente a existência das “primas perdidas”.
Invasão aos aposentos reais
Em 1982, um homem chamado Michael Fagan invadiu o quarto de Elizabeth II no Palácio de Buckingham e ameaçou matar a rainha com um pedaço de vidro quebrado, depois de dizer que a amava. Para distrair o invasor, a monarca conversou com ele sobre seus filhos. O caso, na época, denunciou as falhas de segurança do palácio, além de causar certo trauma na monarca. Na série, a história é revivida como uma forma de inserir questões sociais na narrativa, com Fagan sendo um desempregado abandonado pelas medidas liberais de Margaret Tatcher.