Bruno Luperi: “Meu avô não tem ressentimento da Globo”
Neto de Benedito Ruy Barbosa fala sobre a experiência de adaptar a nova versão da novela
Herdar a novela de seu avô foi um peso? Recebi esse convite com muita naturalidade, porque cresci ao pé da cama dele, ouvindo as suas histórias, permeado pelo imaginário de suas histórias. Meu avô me deu total apoio e liberdade para que eu fizesse esse trabalho à minha maneira. Ele falava brincando: “Vai com o que Deus te deu e não tem medo”. Foi o que eu fiz. E deu certo.
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Benedito tentou resistir à Globo, diante da mágoa pela rejeição de Pantanal pela emissora no passado? Em nenhum momento meu avô recebeu isso de forma negativa ou tentou resistir ao interesse da Globo. Ele é extremamente grato à emissora, a tudo o que construíram juntos. Tanto que, quando saiu da Globo, o Boni (José Bonifácio de Oliveira, ex-chefão da rede) falou brincando: “Vai lá, quebra a cara e volta”. E meu avô voltou, sem o menor ressentimento, e escreveu grandes sucessos.
Na sua adaptação, alguns temas foram introduzidos a fim de atualizar a história, como ironizar a militância feminista, esquerdista ou direitista. O que quis propor com isso? Na adaptação de Pantanal, quis fazer o mesmo que meu avô fez para o Brasil de 32 anos atrás: apresentar o retrato de uma época da maneira mais transparente e honesta possível, para que o público possa debater e tirar as suas próprias conclusões. Então, é natural que dentro da trama haja personagens mais progressistas, outros mais retrógrados, uns anacrônicos e outros rebeldes.
Como vê a repercussão da novela na internet? Apesar de jovem, não sou muito ativo nas redes sociais. Mas confesso que tem sido prazeroso acompanhar a reação do público no Twitter, no Instagram, através dos memes e das danças no TikTok. Sinto que isso é um indicativo de que a novela caiu no gosto do povo.
Publicado em VEJA de 6 de julho de 2022, edição nº 2796