Emmy 2022 consegue ser mais sem graça que reprise de novela do SBT
Prêmio da TV americana repetiu boa parte dos vencedores do ano passado numa cerimônia para lá de previsível
Em sua 74ª edição, o Emmy 2022 voltou a sofrer de um mal antigo. A premiação que elege os melhores da TV americana raramente apresenta surpresas. Isso porque, ao longo de anos, os mesmos artistas e séries, em diferentes temporadas, voltam a subir no palco para receber outro prêmio pelo mesmo trabalho. O clima de reprise dominou a cerimônia deste ano, deixando a festa mais sem graça que a décima reexibição de uma novela mexicana no SBT.
Nas categorias principais, a mesmice dominou. Ted Lasso levou pelo segundo ano consecutivo o Emmy de melhor série cômica — mesmo com as apostas em alta para a novata Abbott Elementary. The White Lotus ganhou como melhor minissérie, prêmio manjado pelas muitas indicações da atração. E o drama Succession, da HBO, ganhou, de novo, e de novo e de novo. Verdade seja dita: a série sobre bilionários em crise é excelente, mas não entregou sua melhor temporada nessa terceira fase. As concorrentes Better Call Saul, Euphoria, Ruptura e Round 6, por exemplo, seriam ótimas escolhas para levar o troféu em seu lugar.
Jason Sudeikis, de Ted Lasso, ganhou novamente o Emmy de melhor ator em série cômica – prêmio conquistado por ele no ano passado pela atração. O mesmo aconteceu com Jean Smart, como atriz de comédia, por Hacks. Nas categorias de drama, Julia Garner levou seu terceiro Emmy de atriz coadjuvante por Ozark, num repeteco das edições de 2019 e 2020. E Zendaya, conquistou seu segundo prêmio de melhor atriz em série de drama por Euphoria. Os quatro, claro, foram brilhantes (especialmente Jean Smart). Mas outros concorrentes das mesmas categoria também fizeram trabalhos sensacionais e acabaram esnobados. Como, por exemplo, Steve Martin e Martin Short, ambos de Only Murders in de Building, que perderam para Sudeikis; ou Laura Linney, que entregou tudo e mais um pouco na última temporada de Ozark. Apenas a vitória histórica de Lee Jung-jae, como melhor ator por Round 6 — que fez dele o primeiro ator sul-coreano a levar a categoria — saiu do roteiro previsível da premiação.
A falta de variedade entre os vencedores somada a um miolo moroso, com troféus para diretores e roteiristas, faz com que o Emmy fique cada vez mais sem graça. Enquanto os artistas premiados, que poderiam fazer discursos divertidos e emotivos, foram limitados a 45 segundos cada para agradecer pela vitória.