O clima não anda dos mais amigáveis em Hollywood. Desde o dia 1º de maio, os roteiristas estão em greve reivindicando melhores condições de trabalho em meio a mudanças do streaming e a chegada da inteligência artificial ao ofício. Eles, no entanto, não são os únicos descontentes: ao longo do mês, os sindicatos dos atores e diretores também se movimentaram na questão trabalhista, colocando sobre a indústria a ameaça de momentos ainda mais complicados pela frente.
Para os estúdios, o caso mais “simples” é o dos diretores, que chegaram a um acordo temporário com os estúdios abarcando melhorias nos salários, ganhos residuais no streaming e proteções em relação à inteligência artificial, que se tornou uma preocupação nos últimos anos com o avanço de “programas inteligentes” em diversas fases de produção. O acordo do DGA (sindicato que representa a categoria) evita um cenário quase apocalíptico: uma greve tripla de roteiristas, atores e diretores, que paralisaria por completo a indústria.
A pressão sobre os estúdios segue aumentando: além da paralisação dos roteiristas, que já dura um mês e meio com diversas produções interrompidas, o sindicato dos atores (SAG-AFTRA) autorizou no início do mês que a categoria entre em greve caso um acordo não seja fechado com os estúdios e produtoras até o dia 30 de junho. No total, 98% dos 65.000 membros do sindicato votaram a favor da paralisação — um contingente muito maior do que o dos roteiristas, que são cerca de 12.000.
Caso a greve dos atores se concretize, além de produções atrasadas e interrompidas, o movimento, dependendo da duração, pode afetar a temporada de premiações e o calendário de filmes, já que atores em greve não participam de atividades de divulgação. Em tese, os longas lançados no próximo mês, como Missão Impossível 7 ou o live-action de Barbie, não devem ser afetados, já que a divulgação vêm sendo feita há meses. Com o passar do tempo, porém, sem atores para divulgar os longas, o risco para os estúdios aumenta, já que eles perdem o termômetro de popularidade dos lançamentos. Outro evento que também pode ser afetado é a Comic-Con de San Diego, que acontece entre 19 e 23 de julho.
Entre as reivindicações dos atores estão pontos em comum com os roteiristas, como o aumento da remuneração básica, afetada pela inflação e pelas mudanças propiciadas pelo streaming, e a regulamentação do uso da inteligência artificial.