No próximo domingo, 9 de janeiro, acontece a 79ª edição do Globo de Ouro. A premiação, porém, vai passar longe do glamour de outrora, com celebridades sorridentes no tapete vermelho e humoristas apresentando prêmios. Acusado de corrupção e racismo, o evento promovido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) foi boicotado pela rede NBC, que exibia a cerimônia nos Estados Unidos e cancelou a transmissão de 2022. No Brasil, o canal pago TNT também deixará o prêmio fora de sua grade. Até o momento, a HFPA não anunciou onde apresentará os vencedores deste ano, mas garantiu em comunicado que o fará – mesmo sem a presença dos indicados. O boicote se estendeu às celebridades, que não toparam participar do evento.
O fiasco do Globo de Ouro é um alerta para as demais premiações. Parte intrínseca da indústria do audiovisual, a entrega de prêmios aos melhores do ano da TV, do cinema e da música vem enfrentando baixas de audiência e constantes acusações de falta de diversidade. No ano passado, o Oscar amargou sua menor audiência. O Emmy também não anda lá muito popular. E o Grammy, premiação da música, vem engrossando a lista de artistas que recusam suas indicações, em um protesto antirracismo — é comum negros serem indicados, mas raramente ganham nas principais categorias.
Pesa sobre o Globo de Ouro, porém, a acusação de que, para além de não ter entre seus votantes nenhum representante negro – falta que a associação correu para suprir no último ano –, o seleto grupo que elege os vencedores aceitava presentes e viagens de estúdios, o que culminava em prêmios e indicações para lá de duvidosas.
A HFPA vem abafando estes casos de corrupção e continua se escondendo atrás do discurso de que abriu os olhos para a importância da diversidade. No comunicado divulgado nesta terça-feira, 4, o grupo diz que: “O evento deste ano vai celebrar e honrar a variedade da diversidade, exaltando programas que empoderam comunidades e cineastas e jornalistas que buscam narrar suas histórias com paixão”. O texto ainda avisa que a HFPA apoia financeiramente organizações que investem em “futuros líderes da indústria” e que fará um evento pequeno neste domingo, para reconhecer a “importância dos criadores de TV e cinema em 2021”.