Entre as peripécias inventadas por Glória Perez para levantar a audiência de Travessia, atual novela das 9 da Globo, colocar um robô como ator é, de longe, a mais surpreendente – por enquanto. Se trata de Haroldo, o garçom-androide que faz ciúme no (humano) Joel, interpretado por Nando Cunha na trama. A autora pode ter o intuito de debater se um robô conseguiria atuar melhor do que pessoas de verdade. Nas cenas já exibidas, a resposta é claramente negativa. Todos os artistas que contracenaram com Haroldo conseguiram, de forma admirável, disfarçar seu constrangimento para dar lugar a uma excitação com a novidade do bar Encanto da Vila.
Os personagens se alegraram muito com a introdução de Haroldo por seu Nunes (Orã Figueiredo), dono do estabelecimento que buscou uma forma tecnológica para presentear seu mais ilustre funcionário, Joel, com um ajudante descolado. O garçom sofre, na verdade, uma dor de cotovelo e cria asco do novo colega de trabalho. Em contrapartida, Haroldo rouba a cena encantando adolescentes e adultos, que ficam impressionados com suas falas sucintas de “tamo junto!” e “valeu, moleque”. A performance dos atores de levarem o trabalho a sério é, no mínimo, louvável.