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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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‘Pantanal’: Maria Bruaca rouba a cena da chatíssima Juma até no Ibope

Personagem de Isabel Teixeira supera protagonista de Alanis Guillen e conquista público da novela das 9, rendendo recorde à Globo

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 ago 2022, 11h47 - Publicado em 17 ago 2022, 20h07
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  • A dois meses de seu final, Pantanal tem sua protagonista mais que definida e – para surpresa de zero espectadores – ela não é a Juma Marruá (Alanis Guillen). Maria Bruaca, interpretada com gana por Isabel Teixeira, roubou definitivamente a cena na novela das 9 da Globo. Vivida por Ângela Vieira na versão original criada por Benedito Ruy Barbosa e exibida pela extinta Manchete em 1990, a submissa esposa de Tenório (Antônio Petrin na trama original, Murilo Benicio na atual) já era popular com o público naquela época. Trinta e dois anos depois, a personagem vem repetindo o feito de conquistar o público desde o início do remake de Bruno Luperi. Mas na noite da terça-feira, 16, ela ofuscou de vez a morna personagem principal com uma trajetória mais interessante para os tempos atuais. O universo devolveu a graça da Bruaca em dobro para a Globo: no capítulo em questão, ela elevou o ibope do folhetim a alturas inéditas.

    Pantanal finalmente bateu recorde de audiência após dois meses com índices estancados na terça-feira, 16, com a ajuda da cena em que Tenório flagra Maria Bruaca escondida na fazenda de José Leôncio (Marcos Palmeira). Após descobrir as puladas de cerca da esposa, o vilão expulsa Bruaca de sua fazenda e do próprio Pantanal, sequência de tensão ímpar que contribuiu para os 33,5 pontos de audiência na Grande São Paulo. Assim, a novela superou seu maior ibope até então, marcado no dia 13 de junho, quando Levi (Leandro Lima) foi devorado por piranhas, o que rendeu 33,1 pontos na ocasião. Tal feito de recorde não foi batido nem com a esperada cena da primeira noite de amor dos protagonistas Juma e Jove. 

    Não é à toa que a Juma do atual remake não excite ninguém diante da TV. Há mais de três décadas, a história da mulher que vira onça quando fica brava arrebatou o público e fez dela uma personagem antológica na história do gênero. O sucesso da antiga Pantanal era tanto que foi a única novela da Manchete a derrotar a Globo na briga por audiência daquela época. Muito por causa do universo pantaneiro criado por Barbosa, com histórias rurais inovadoras, mas também pela quantidade exorbitante de cenas com nudez — algo completamente abandonado pela versão atualizada de Luperi. Com isso, o artifício de usar corpos sensuais para chamar a atenção foi abandonado pelo remake, tornando Juma uma recatada que, ainda por cima, vive emburrada e toda careteira no fundo de sua tapera. Se Juma antes seduzia, hoje ela virou uma chata, enfim.

    Essa falta de sal de Juma foi se tornando tão aborrecida ao longo do tempo que não só enfraqueceu a protagonista, mas abriu espaço para o crescimento desenfreado de Maria Bruaca. Dona de casa submissa ao marido e até à filha, a feminista boboca Guta (Julia Dalavia), Maria Bruaca tem a verdadeira jornada do herói de Pantanal. Aos poucos, a personagem foi trocando seu posto de subserviente e foi se libertando das amarras abusivas de Tenório ao descobrir que era traída havia muitos anos pelo marido. Na flor de seus 40 e poucos, descobriu o prazer sexual nos braços de Levi (Leandro Lima) e Alcides (Juliano Cazarré). Cheia de tiradas engraçadas e debochadas na ponta da língua, a Bruaca se tornou a peça mais carismática do horário nobre, criando até uma legião de “bruaquers”, como seus fãs se autointitularam nas redes sociais. A grande atuação de Isabel Teixeira também contribuiu para o sucesso, claro. Com um olhar, a atriz transmite dor, raiva, tristeza e alívio. Com uma fera de potência tão inquestionável, quem precisa da mulher-onça?

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