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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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Romances açucarados fazem de ‘Virgin River’ uma grande novela sem tempero

O novo sucesso da Netflix que ganhou uma terceira temporada este mês e aposta em dramas rocambolescos que poderiam muito bem ser exibidos na TV aberta

Por Marcelo Canquerino Atualizado em 27 jul 2021, 17h30 - Publicado em 27 jul 2021, 10h30

Sem muito alarde, a Netflix vem apostando em um filão bem conhecido do público brasileiro (e latino): as tramas cheias de dramalhão e reviravoltas que lembram as telenovelas nacionais. Mais novo fenômeno nessa seara, Virgin River – que ganhou sua terceira temporada este mês – possui elementos que figurariam bem em um típico folhetim das 6 da Globo. Mel (Alexandra Breckenridge) é uma jovem enfermeira que decide trabalhar em uma cidade aprazível no interior da Califórnia, com o objetivo de superar um trauma do passado. Lá, surpresa: ela acaba se apaixonando pelo dono do bar local, Jack (Martin Henderson). 

A história é baseada em uma série de 22 livros escrita pela americana Robyn Carr, e basta uma pequena olhada nas capas deles para se ter um dejá vu dos incontáveis enredos água com açúcar já tecidos por Nicholas Sparks, um bem-sucedido (e anódino) noveleiro à moda americana. À maneira das tramas de Sparks, o romance meloso (ops) entre Mel e Jack enfrenta, claro, todo tipo de barreira. O principal empecilho é personificado em Charmaine (Lauren Hammersley), um affair antigo de Jack que mais tarde anuncia estar grávida do mocinho: não apenas de um filho, mas de gêmeos. 

Livro Virgin River – Um Lugar para Sonhar

Se as temporadas anteriores até satisfaziam quem buscava só um entretenimento romântico à toa, a terceira leva de episódios de Virgin River se assemelha àquele momento morno das novelas em que vale mais ler um resumo dos acontecimentos do que assisti-las de fato. Sem avançar muito na trama, Mel e os moradores da cidade ficam sujeitos a longas sequências de encheção de linguiça. O truque para manter os fãs mobilizados são os ganchos finais bombásticos. Um incêndio inesperado na casa de Jack é combustível para manter a atenção do público, assim como a revelação chocante de que uma personagem está com câncer terminal. Todas essa viradas mirabolantes acontecem, obviamente, nos últimos 5 minutos de cada episódio.

O catálogo da Netflix vai se tornando, assim, um porto seguro para os amantes dos tradicionais folhetins. Para aqueles que adoram os novelões mexicanos com pitadas de investigação criminal, Quem Matou Sara? é uma grande pedida. Já para os que preferem romances leves com muito drama, Virgin River é a bola da vez. Com livros o suficiente para garantir muitas temporadas, o romance complicado de Mel e Jack ainda está longe de ter um final —resta torcer para que o caminho até lá seja menos sem sal do que esta terceira temporada.

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