‘The Big Bang Theory’: livro revela babados de bastidores do sucesso da TV
A sitcom simbolizou a ascensão dos gênios da alta tecnologia na cultura pop
Em 2018, o ator Jim Parsons passou por um inesperado reexame existencial após a perda de seu cão de estimação. Apoiado pelo marido, Todd Spiweak, o intérprete do peculiar Sheldon Cooper na série cômica The Big Bang Theory viu o luto pelo maltês Otis provocar uma reviravolta em sua vida profissional: tinha chegado a hora, pensou Parsons, de deixar a sitcom que fizera dele um astro global. Nem mesmo o salário de 1 milhão de dólares, que embolsava a cada episódio para viver o aparvalhado físico do bordão “Bazinga!”, demoveu-o da ideia de sair de cena. A decisão do protagonista provocou o cancelamento do show que fez sucesso por doze anos — frustrando os colegas de elenco que torciam por uma 13ª temporada. Essa e outras histórias dos bastidores de um dos maiores fenômenos da TV americana no século XXI são reveladas pela jornalista Jessica Radloff no livro The Big Bang Theory, que acaba de sair no país.
The Big Bang Theory: A história definitiva dos bastidores da série
Com 279 episódios, Big Bang foi consagrada como a sitcom mais longeva da história a ser feita nos moldes tradicionais, com cenários fixos e plateia ao vivo — responsável pelas caricatas risadas de fundo. A produção exibida nos Estados Unidos pela rede CBS foi também o seriado de maior sucesso da TV aberta do país: alcançou 24,7 milhões de espectadores em sua última temporada, em 2019, desbancando transmissões esportivas, e impondo-se como a única série no ranking dos trinta programas mais vistos dos Estados Unidos naquele ano. Com as mudanças no padrão de consumo de TV causadas pelo advento do streaming, a trama tende a ser a última no gênero sitcom a conquistar tal feito.
A grandeza de Big Bang Theory vai além dos dados frios da audiência. Exibida entre 2007 e 2019, período de ascensão dos gigantes da tecnologia no Vale do Silício, a série colocou os geeks — os profissionais da computação e das ciências exatas — no topo da cultura pop. A trama centrada nos físicos Sheldon e Leonard (Johnny Galecki) e sua bela vizinha Penny (Kaley Cuoco) subverteu a imagem dessas figuras. Antes pintados como bobos e emocionalmente inábeis, os geeks se tornaram poderosos e inspiradores — assim como os bilionários reais do ramo. Ninguém sintetizou tão bem essa guinada quanto Sheldon. Para o criador do programa, Chuck Lorre, seria impossível escrever roteiros que não envolvessem o personagem de Jim Parsons.
Caneca Icons Moments The Big bang Theory
O fim iminente da série causado pelo luto canino resultou em uma grande terapia em grupo que envolveria não só o elenco, como a equipe de produção — todos choraram por horas e se entupiram de álcool para aplacar a tristeza. A própria pesquisa da autora, calcada em horas de entrevistas com atores e técnicos, foi um processo intenso. “Não eram só conversas sobre o programa. Foi uma sessão de análise coletiva”, diz ela. Além do drama da partida de Parsons, a obra expõe outros lances ruidosos, como namoros escondidos, demissões e protestos por equidade salarial entre gêneros no set. The Big Bang Theory foi uma explosão — e ainda ressoa.
Publicado em VEJA de 7 de dezembro de 2022, edição nº 2818
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