Antes de se tornar um rosto familiar como comentarista dos mais variados temas na televisão, Arnaldo Jabor, que morreu nesta terça-feira, assinou filmes que fizeram história na segunda metade do movimento Cinema Novo, nos anos 70. Entre seus sucessos estão adaptações de obras de Nelson Rodrigues e roteiros de inspiração autobiográfica, todos embalados por uma acidez e sensualidade típicas de Jabor. Confira a seguir três títulos essenciais da obra do cineasta que podem ser vistos em casa através de plataformas de aluguel, como Now e Vivo Play.
Toda Nudez Será Castigada
Baseado na peça homônima de Nelson Rodrigues, o longa observa as hipocrisias da família tradicional brasileira através da história de Herculano (Paulo Porto), um viúvo conservador que se apaixona pela prostituta Geni (Darlene Glória). A decisão de se casar com ela gera uma série de conflitos na família, entre eles a prisão do filho de Herculano, que, para se vingar do pai, torna-se amante de Geni. Premiado com o Leão de Prata no Festival de Berlim, o filme foi censurado pela ditadura, e, em 2015, entrou para a lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
Eu Te Amo
A produção de 1981 acompanha diversos personagens, entre encontros e desencontros amorosos, além de tratar de temas tabus no cinema, como homossexualidade. No enredo, um empresário falido (Paulo César Pereio) é abandonado pela esposa (Vera Fischer). Ao vagar pela cidade, encontra uma prostituta (Sônia Braga), que também vivia uma decepção amorosa, após ter sido abandonada por um piloto de avião (Tarcísio Meira). O filme é carregado de diálogos tensos e poderosos, bem ao estilo Nelson Rodrigues, de quem Jabor já havia filmado Toda Nudez Será Castigada.
Eu Sei que Vou Te Amar
Lançado em 1986, o longa foi selecionado para a cobiçada mostra principal do Festival de Cannes, onde concorreu à Palma de Ouro de Melhor Filme . Na trama estrelada por Fernanda Torres e Thales Pan Chacon, um casal separado há dois anos se reencontra para um “jogo da verdade” em que revelam traumas e incômodos da vida, numa espécie de psicanálise filmada. Pelo trabalho, Fernanda Torres foi laureada com o prêmio de melhor interpretação feminina em Cannes, a primeira brasileira a conseguir o feito.