Basta colocar um governista no banco de testemunhas da CPI da Covid e lá vem mentiras. Hoje o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo mentiu (1) ao dizer que não havia feito comentários xenofóbicos sobre a China e prejudicado a relação entre os dos países, (2) ao minimizar os discursos antichina de Bolsonaro e seus filhos; (3) ao ignorar os efeitos do voto do Brasil contra a proposta da Índia pela quebra de patentes das vacinas, (4) ao desconhecer a pressão do governo Trump contra a vacina russa Sputnik V, admitido em documentos do próprio governo dos EUA; e (5) ao tentar reduzir a importância do Ministério na importação de insumos e imunizantes que o País não é autossuficiente. Araújo mentiu tantas vezes que fica a dúvida se o seu nome realmente é Ernesto.
A inundação de mentiras foi possível graças à benevolência do presidente da CPI, senador Omar Aziz, que na semana passada preferiu não punir outro governista de mal com a verdade, o ex-secretário de comunicação de Bolsonaro, Fabio Wajngarten. Assim como Araújo, Wajngarten provocou os senadores ao negar fatos óbvios, como as declarações da entrevista a VEJA. A CPI prova que a mentira virou política de governo.
O próximo governista a ir à CPI é o mais vistoso alvo da CPI, o general Eduardo Pazuello. Graças a uma liminar do STF, ele tem o direito a não responder perguntas que podem o incriminar. É melhor ter o silêncio do que o ultraje da mentira.