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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)

Eduardo é Jair. Jair é Eduardo

Pressionado pela possível condenação, ex-presidente volta a pensar em insistir em candidatura tendo um dos filhos como vice

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jul 2025, 10h37 - Publicado em 28 jul 2025, 10h36

Os Bolsonaros dobraram a aposta. Em menos de uma semana, o deputado Eduardo Bolsonaro usou postagens no X, vídeos no YouTube e entrevistas para (1) pedir “humildemente” a Donald Trump que adote a lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, (2) defender as sanções americanas apesar dos efeitos danosos para a economia, (3) intimidar um delegado da Polícia Federal, (4) atacar o governador Tarcísio de Freitas, (5) criticar o governador Romeu Zema, (6) anunciar que irá impedir a tentativa de negociação com o governo americano pela comissão do Senado que inclui dois ex-ministros do governo Bolsonaro e (7) ameaçar os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta, de perda de visto dos EUA caso não votem pela anistia do seu pai e o impeachment de ministros do STF. 

A escalada verbal de Eduardo, o filho número 3, não é voz isolada na família. A única tentativa de recuo _ uma postagem do filho mais velho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro na sexta, dia 18, pedindo que Trump trocasse as tarifas por sanções pessoais_ foi cancelada por ordem de Jair Bolsonaro. Em conversas na quinta e na sexta (24 e 25), o ex-presidente voltou a falar na possibilidade de manter a sua candidatura presidencial até o ano que vem, mesmo sabendo que ela será negada pela Justiça eleitoral. Nesta hipótese, ele teria o filho Flávio como vice que assumiria seu lugar na disputa _ a mesma tática que Lula da Silva usou em 2018 com Fernando Haddad. Como todos sabem, a tática deu errado no curto prazo (com Haddad sendo derrotado por 10 milhões de votos), mas no médio prazo impediu o surgimento de uma alternativa na esquerda, manteve Lula em evidência e ajudou no seu retorno ao poder em 2022.

Eduardo acreditava que a ameaça das sanções de Donald Trump geraria um terror tão grande, que as elites política e econômica forçariam o STF e o Congresso a anistiar o pai e virar o jogo da eleição de 2026. O resultado está sendo o oposto. O efeito Trump devolveu popularidade e protagonismo ao presidente Lula, reduziu as chances eleitorais de qualquer candidato com o sobrenome Bolsonaro, horrorizou o empresariado, pressionou outros candidatos da direita a fazerem críticas tímidas ao lobby de Eduardo nos EUA e afastou definitivamente o Centrão da pauta da anistia. 

Jair Bolsonaro segue sendo o principal líder do antipetismo, mas seu poder está encolhendo. Embora o candidato favorito do establishment, Tarcísio de Freitas, só aceite ser candidato com o apoio do ex-presidente, a possibilidade de o Centrão apoiar um nome da família é baixíssima. A proximidade com Trump é tóxica. Uma pesquisa da empresa Futura no estado de São Paulo mostrou que em dois meses a vantagem de Jair Bolsonaro sobre Lula em um eventual segundo turno caiu mais de sete pontos percentuais, a de Michele 8 pontos e Eduardo perde na margem de erro para o presidente. Com quase um terço das exportações brasileiras para os EUA e 22% do eleitorado brasileiro, São Paulo será o estado mais atingido pelas sanções de Trump.

Esta semana estabeleceu-se uma nova rotina para os repórteres de política de Brasília. Depois das 17h, eles se organizam para seguir o ex-presidente Jair Bolsonaro da sede do Partido Liberal, na Asa Sul, até a sua casa, em um condomínio no Jardim Botânico, um trajeto de menos de 20 minutos de carro em dias normais, mas que na quinta-feira, dia 24, chegou a 42 minutos. Tudo para confirmar se o ex-presidente chega em casa antes das 19h e cumpre as medidas restritivas determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes

A vigília da mídia sobre a submissão de Bolsonaro às ordens de Moraes é a parte mais visível de um tempo de liberdade que está se esgotando. Em menos de sessenta dias, Bolsonaro será condenado a mais de trinta anos de cadeia pelo planejamento e tentativa de golpe de Estado. Mesmo com os eventuais recursos, é provável que o ex-presidente passe o Natal preso. Até semanas atrás, era certo que esta detenção seria domiciliar. Depois das ameaças de Donald Trump para impedir o julgamento e o cancelamento dos vistos dos ministros do STF, a concessão da prisão domiciliar já não é um fato dado. A pressão da família Bolsonaro por uma escalada de Trump contra o Brasil é resultado deste desespero contra o calendário.

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