Desde 7 de maio o catarinense Abne Gilmar, 20 anos, alterna o conforto da casa de uma amiga com noites maldormidas em uma barraca no entorno do estádio Allianz Parque, em São Paulo. O rapaz integra um grupo de dança de k-pop, gênero musical sul-coreano — por isso se submete ao calvário do acampamento: quer estar nas primeiras filas no show da boyband BTS, fenômeno da Coreia do Sul. Os sete integrantes do grupo fizeram esgotar em poucas horas os 84 000 ingressos para as duas apresentações no país (dias 25 e 26 de maio). Gilmar não está sozinho. Outros fãs — os primeiros chegaram em fevereiro — se revezam no acampamento, e até a semana passada estavam em onze barracas. Querem garantir lugar perto do palco. Um “banco de horas” definirá a ordem final da fila. Os banheiros próximos ficam em uma lanchonete e num posto de gasolina, e os jovens pagam 10 reais para tomar banho em um motel. “Foi a minha primeira vez em um avião, a primeira dormindo nas ruas, e será meu primeiro show”, diz Gilmar. Ele vai gastar 3 000 reais nessa brincadeira.
Publicado em VEJA de 29 de maio de 2019, edição nº 2636