A triste história da travesti Gisberta, cantora brasileira morta no Porto
O diretor Rodrigo Rebouças, que adapta vida da artista brasileira, é o convidado do programa da coluna GENTE da semana
Nos idos dos anos 2000, Gisberta era um nome que remetia a sensualidade brasileira nos palcos de Portugal. Tratava-se de uma celebridade underground que ganhou fama além-mar. No programa da coluna GENTE no Youtube e em VEJA+ desta semana, o convidado é o diretor e roteirista Rodrigo Rebouças, que está desenvolvendo a série documental Gisberta – vida e morte. Em parceria com Alice Marcondes, e direção geral de Leonel Vieira, Rodrigo pretende abordar o crime brutal cometido contra a artista trans de nome Gisberta Salce Junior. Mais do que isso, Rodrigo quer que o público brasileiro enfim conheça a fundo a dolorosa trajetória dessa mulher.
Gisberta foi torturada e assassinada em 2006, no Porto, ao norte de Portugal, por 14 adolescentes abrigados em uma instituição católica. O crime chocou a sociedade portuguesa da época e, ainda hoje, segue quase em total esquecimento no Brasil. A minissérie, com quatro episódios, de 45 minutos cada, é uma coprodução luso-brasileira, que contará com depoimentos de familiares e amigos de Gisberta, além das pessoas diretamente envolvidas no assassinato, como quatro dos adolescentes – hoje adultos – e funcionários da extinta instituição católica, a Oficina de São José. Tudo inserido na linha true crime, que tem se popularizado nas recentes produções sobre crimes reais.
“Contar essa história é muito relevante no Brasil, país que mais mata pessoas trans no mundo todo. A história de Gisberta vem para resgatar essa memória, de quem foi essa mulher trans. Essa história surgiu quando eu estava realizando um documentário do Médicos Sem Fronteiras na África. Lá conheci um médico, que tinha acabado de voltar do Afeganistão, quem me relatou que crianças trans faziam trabalhos forçados no país. Comecei a entrar nessa história e chegou um momento que senti falta de contar o relato brasileiro. Acabei encontrando a história da Gisberta. Quando me deparei com a história dela, vi que foi muito pouco divulgada no Brasil. Foi uma história que chocou a Europa e Portugal, mas que no Brasil foi mantida em um lugar de exclusão”, relata Rodrigo Rebouças, que pretende lançar a obra em 2025.