Examinada ângulo a ângulo pelos experts em monarquia, a primeira foto oficial de Charles III como rei, tirada no dia seguinte à morte de Elizabeth II e divulgada agora pelo Palácio de Buckingham, aponta um viés de remodelação na Casa real britânica. Primeiro e espantoso detalhe: os personagens se tocam — Camilla e Charles estão abraçados e Kate tem a mão apoiada — não se sabe bem no quê — atrás de William. Nunca, jamais, em poses de royals para a posteridade, se viu tamanha intimidade. Também chamou atenção serem só os quatro na imagem, sinal, segundo quem entende, de que o novo rei vai enxugar, e muito, o núcleo duro da Corte. Nisso estará seguindo o exemplo de sua prima distante, a rainha Margrethe da Dinamarca, 82 anos e há cinquenta no trono. Muito mais despachada do que a finada Elizabeth, Margrethe, que usa roupas extravagantes e fuma (meio) escondido, decidiu cassar, a partir de 2023, o título de príncipe atribuído aos quatro filhos de seu caçula, Joachim. Ele, claro, chiou. “Por que puni-los dessa forma?”, indagou em público. Margrethe admitiu que “subestimou” a reação ao anúncio e pediu desculpas, mas manteve a decisão, que tem por objetivo permitir que os netos “moldem a própria existência” e que a monarquia “se adapte aos novos tempos”.
Publicado em VEJA de 12 de outubro de 2022, edição nº 2810