Há cem anos, no dia 13 de agosto de 1923, o Copacabana Palace foi inaugurado na praia-símbolo do Rio de Janeiro, que na época era uma pacata região de pescadores. O projeto foi capitaneado por Octávio Guinle (1886-1968). A ideia tinha sido elaborada pelo então presidente Epitácio Pessoa, que queria um lugar para receber convidados da celebração do centenário da Independência do Brasil. Dez anos depois, com a autorização do governo Getúlio Vargas, o cassino do Copacabana Palace começou a funcionar e marcou a jogatina na velha capital. A agitação das mesas de apostas durou até 1946, quando veio a nova proibição dos jogos de azar. Ao longo do tempo, foram muitos os hóspedes que emprestaram um pouco da sua fama ao hotel. Políticos, cientistas, músicos, escritores, todos anotados nas páginas amareladas de um documento histórico – o livro de ouro do hotel.
Ella Fitzgerald, Josephine Baker e Nat King Cole são alguns dos nomes internacionais que se apresentaram no Golden Room, considerado, nos anos 1930, o salão mais badalado da América Latina. Da janela do quarto, Orson Welles, de Cidadão Kane, arremessou uma máquina de escrever na piscina. A mesma que a princesa Diana nadou durante a visita com o então namorado e atual rei Charles III, em 1991.
Entre outras histórias, a atriz Jayne Mansfield (1933-1967) deixou cair o bustiê no meio de uma festa num dos imponentes salões. Em 1964, a atriz francesa Brigitte Bardot foi uma das atrações do Baile do Copa – um acontecimento ainda hoje no calendário carnavalesco da cidade. Até Hebe Camargo, com os seus copinhos de vodca perto da piscina, fez história por lá.
A lista de personagens históricos é grande – gente como Santos Dumont, Walt Disney, Madonna e Nelson Mandela. A agitação que alguns deles causaram ainda hoje é bastante lembrada. O grupo Rolling Stones, em 2006, fez um show histórico na Praia de Copacabana para mais de 1,2 milhão de pessoas. Depois Mick Jagger e companhia se esbaldaram em seus aposentos. O ex-Beatle Paul McCartney acenou para os fãs que o esperavam na porta do hotel, em outro momento emblemático. Sobrou até para o cantor Latino, que um belo dia chegou acompanhado por um macaco para se hospedar por lá.
O espaço luxuoso, porém, passou por altos e baixos. Após a morte de Octávio, em 1968, o hotel entrou em crise. Os anos 1980 são lembrados como período de decadência, até 1989, quando o hotel foi vendido para um grupo estrangeiro, que hoje se chama Belmond. A Covid-19, em 2020, também foi momento de silêncio nos salões. Durante o isolamento, o hotel contou apenas com dois hóspedes: Andréa Natal, ex-diretora, e Jorge Ben Jor, que ainda mora por lá.
O prédio já apareceu no musical Voando para o Rio, de 1933, comédia musical com Gene Raymond, Dolores del Rio e Fred Astaire. Foi cenário de clipes, como em Walk on, que Bono, do U2, que surge na sacada do hotel. Além de se fazer presente no imaginário que compõe a praia de Copacabana e o Rio de Janeiro. As inúmeras selfies diárias dos turistas no calçadão não deixam dúvidas: Em 2023, é inegável que o Copacabana Palace se mantém um marco – e continua desejado por todos.