Afetado bruscamente pela pandemia, o setor de entretenimento teve todo seu calendário de eventos e lançamentos cancelado ou adiado de forma indeterminada. Em setembro, uma fresta de esperança surgiu na Itália. Após ser epicentro da Covid-19, o país viveu dias de luxo ao celebrar o Festival de Veneza, com Cate Blanchett na presidência do júri. Apesar do formato enxuto e sem o tradicional tapete vermelho apinhado de celebridades hollywoodianas, o evento deu um aperitivo de como seriam as idas aos cinemas dali em diante, com salas reduzidas e máscara obrigatória. “Parece um milagre estar aqui”, disse Cate na abertura. Outro milagre foi produzido pela santa Dua Lipa. A jovem cantora inglesa de 25 anos, filha de imigrantes albaneses, se multiplicou em 2020. Fez apresentações em prêmios vazios, lançou o contagiante disco Future Nostalgia, conquistou indicações ao Grammy e, no Brasil, furou a bolha sertaneja tornando-se a única gringa nos mais ouvidos em solo nacional. Haja resistência.
Publicado em VEJA de 30 de dezembro de 2020, edição nº 2719