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Como foi a maior apresentação de música erudita ao ar livre no país

Ópera ‘Devoção’, com mais de 600 pessoas envolvidas, teve pré-estreia em Congonhas (MG), sobre um imigrante português do século XVIII

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 jul 2024, 18h33 - Publicado em 15 jul 2024, 07h00

150 artistas, sendo seis solistas, mais de 450 pessoas técnicos, Orquestra Sinfônica com 67 músicos, coral lírico de 67 vozes, 17 bailarinos, 230 figurinos e 500 adereços, além de centenas de figurinos exclusivos. Os números impressionantes fazem da ópera Devoção a maior apresentação de música erudita ao ar livre neste ano no país – e também um desafio e tanto. É que a pré-estreia, no cair da tarde de sábado, 13, foi ao ar livre, em frente à igreja Bom Jesus de Matosinhos, na cidade histórica de Congonhas (MG).

O local foi escolhido por ser o cenário onde se passa a trama ambientada no século XVIII – a saga do protagonista Feliciano Mendes, vindo de Portugal, em construir uma igreja como pagamento de uma promessa. A obra se tornaria a famosa basílica, que há mais de duzentos anos é ornamentada na parte externa com os doze profetas esculpidos por Aleijadinho (1738-1814), além de 64 cenas da Paixão de Cristo em cinco capelas.

No interior da igreja, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, interpretando partitura composta por João Guilherme Ripper, sob regência da maestra e diretora musical Ligia Amadio. “A ideia não era fazer um documentário, mas ficção histórica. A ideia era criar uma ambiência de devoção das pessoas, não a cristã, mas a mineira, no sentido mais amplo e sincrético possível”, explicou Ripper. “Emoção gigante, era vontade de chorar o tempo todo”, resumiu Ligia.

A trama original, misto de lenda milenar e história real sobre as origens da devoção ao Senhor Bom Jesus de Matosinhos, ganha voz a partir dos solistas Mateus Pompeo e Carla Caramujo. “Foi a primeira vez que me apresentei num espaço aberto com orquestra dentro de uma igreja, tendo contato com maestro por televisões. Fiquei emocionado vendo as imagens de Aleijadinho, parecia que elas vinham à vida e cantavam junto com a gente”, disse Pompeo. “É magnifico se apresentar com a envolvência dessas estátuas. É conexão com a história do meu país, que se liga com a do Brasil e a cultura africana”, reforçou Carla, de origem portuguesa.

A ópera em dois atos foi encomendada pela Fundação Clóvis Salgado (FCS) com libreto assinado por André Cardoso. Devoção é a 95ª produção operística da instituição, abrindo a temporada 2024. A apresentação, estrategicamente, teve início no pôr do sol. Diante das escadarias do santuário, centenas de pessoas se reuniram para acompanhar o espetáculo que conjuga canto, música e dança. Tudo sob “olhares” dos monumentais profetas de Aleijadinho, em pedra-sabão.

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Para quem perdeu a exibição na cidade histórica, uma adaptação de uma hora e meia será levada nos dias 19, 20, 22 e 23 ao Grande Teatro Palácio das Artes, em Belo Horizonte. A produção tem ingressos nos valores de até 60 reais.

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Multidão acompanha a apresentação de ‘Devoção’ – (Léo Bicalho/Divulgação)
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Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, sob regência da maestra e diretora musical Ligia Amadio, ao fundo – (Léo Bicalho/Divulgação)
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O solista brasileiro Mateus Pompeo – (Marcia Charmizon/Divulgação)
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A solista portuguesa Carla Caramujo – (Marcia Charmizon/Divulgação)
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No interior da igreja, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais – (Marcia Charmizon/Divulgação)
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A igreja Bom Jesus de Matosinhos, na cidade histórica de Congonhas (MG) – (Marcia Charmizon/Divulgação)

 

 

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