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Diretor grita “Fora, Bolsonaro” e plateia reage; assista

João Velho fala a VEJA sobre protesto após ‘Eles Não Usam Black Tie’, em cartaz no Rio

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jul 2022, 16h15 - Publicado em 27 jul 2022, 08h00

Clássico da dramaturgia brasileira, escrito em 1958 por Gianfrancesco Guarnieri, a peça Eles Não Usam Black-tie tem como foco a luta dos operários para melhores condições de trabalho na década de 1950, pós-ditadura Vargas. Sucesso da temporada no Teatro Café Pequeno, no Rio, a atual montagem tem um toque de contemporaneidade. Ao término da apresentação, um grito de “Fora, Bolsonaro” é dado pelo diretor João Velho, filho de Cissa Guimarães com o ator Paulo César Pereio. A plateia tem acompanhado com efusivos aplausos – e alguns olhares retorcidos. Assista no vídeo a seguir:

Em conversa com a coluna, João fala sobre este posicionamento no teatro. “O grito não foi uma ideia, foi algo natural. O texto pede isso. A ideia de uma direita raivosa, que nos ataca tanto, ataca os artistas, ataca qualquer pessoa que tenha levemente uma consciência de justiça social, que pense nas classes mais pobres, nas classes operárias… Um texto desses, depois de ser falado, a gente tem que gritar sim ‘Fora, Bolsonaro’. E a reação das pessoas é muito interessante. Elas vão ver a peça e às vezes não entendem que o texto é de esquerda. A gente é contra tudo que é anti-cultura, anti-arte, anti-conhecimento, anti-ciência. Uma moça me abordou e disse que não gostou, pois misturamos política e arte. Ela adorou a peça, mas não gostou disso. Ela não entendeu que a arte é política, assim como tudo que a gente faz na vida, mesmo sem saber”.

A peça – que fica em cartaz até domingo, 31 – conta a história do jovem operário Tião e sua namorada Maria, que decidem se casar ao saber que ela está grávida. Em paralelo, eclode um movimento grevista que divide a categoria metalúrgica. Preocupado com o casamento e temendo perder o emprego, Tião fura a greve, entrando em conflito com o pai, ex-militante sindical que passou três anos na cadeia durante o regime militar.

Serviço: Local: teatro Café Pequeno (Av Ataufo de Paiva 269, Leblon – RJ) / Ingressos: 40 reais (inteira)

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