Mate gelado é uma bebida tão enraizada na cultura do carioca quanto a água de coco na saída da praia ou a cervejinha no final do dia. Em tempos de verão antecipado, com temperaturas elevadíssimas, o mate passou a ser desejado também em outros estados e até fora do país. Uma das empresas que impulsionam a bebida para além do Rio de Janeiro (são mais de 15 milhões de copos de mate por ano), Megamatte tem à frente o executivo carioca Julio Monteiro, 42 anos, sócio da rede e responsável por desenvolver mais de 20 empresas no varejo para franchising através de consultoria de negócios. Para fechar 2023, os planos da marca são chegar a 200 unidades franqueadas em todo o Brasil, além das lojas próprias. O faturamento é estimado em R$ 125 milhões. Julio conversou com a coluna sobre os investimentos da empresa, as expectativas para a estação mais quente do ano e as dificuldades de se empreender no Brasil.
Quais são as expectativas para o verão? É a estação que mais se bebe mate? Pensou em mate, açaí e cafeteria com bebidas geladas, é preciso se preparar demais para o verão brasileiro. Nossas vendas aumentam quase 25%. Para isso, nossa cadeia de supply chain precisa estar preparada para atender o aumento de pedidos. Todos os anos temos a campanha do “mega verão”, que leva ao consumidor um diferencial com produtos, licenciamento de personagens e descontos.
O açaí é um forte concorrente do mate? Vendemos 800 toneladas de açaí por ano. É um dos principais produtos, sim. O nosso diferencial é que não vendemos um mix de açaí, como a maioria das novas redes fazem. Vendemos um preparo sem agrotóxicos e que conserva as propriedades do açaí de Belém do Pará.
Quais são os números de venda de mate? Anualmente, vendemos mais de 15 milhões de copos de mate orgânico, nos posicionando como a rede de lojas de varejo que mais vende mate no planeta. Nosso produto é 100% orgânico e nossa erva vem da nossa fazenda em Santa Catarina.
Pensa em ampliar o número de franquias no próximo ano? Nosso plano é levar aos nossos investidores um plano de negócio justo e verdadeiro. Queremos que nossos franqueados façam parte do nosso crescimento e que tenham resultado financeiro em seus investimentos. O histórico de reconhecimentos nos confere um posto que aprendemos ao longo das últimas décadas a preservar por ele, que é saber fazer franchising verdadeiro e em conjunto.
Já foi cogitado o mercado internacional? A expansão internacional está nos planos desde 2019, quando foi suspenso temporariamente devido ao Covid-19. Em breve teremos novidades quanto a essa expansão, que começará pelo sul dos Estados Unidos.
Quais são as maiores dificuldades de se trabalhar com o ramo no Brasil? Empreender no Brasil é um desafio para qualquer empreendedor, sem dúvida. A carga tributária limita investidores a ampliarem seus negócios e oferecerem o crescimento econômico que adormece há décadas. Além disso, temos uma legislação trabalhista arcaica e que impede que o empresário possa oferecer serviços melhores aos consumidores. Estamos ficando para trás quando comparamos os negócios brasileiros com os da Europa e EUA. O pequeno empresário precisa de incentivos e legislação que acompanhe a evolução dos negócios. Sem isso, teremos negócios sempre sensíveis a regiões específicas e não acessíveis a todos.