‘Mussum – O Filmis’ suaviza dramas do artista para criar homenagem sincera
Longa dirigido por Silvio Guindane foi exibido na competição do Festival de Gramado
Antônio Carlos Bernardes Gomes, Mussum, no papel inesquecível em Os Trapalhões, tem a biografia contada no filme dirigido por Silvio Guindane. O longa foi o último a ser exibido na mostra competitiva do Festival de Gramado. Segundo o diretor, Mussum – O Filmis não é apenas mais uma biografia de um grande artista, mas um filme que retrata a vida de milhões de brasileiros através de seu protagonista e de sua relação com família, trabalho, preconceito, altos e baixos e, principalmente, seus sonhos. “Agradeço a Antônio Carlos Gomes, o Mussum, por me dar esta oportunidade de levar seus sonhos para as telas e agradeço ao Festival de Gramado por ter me feito sonhar, em 1996, para que hoje como cineasta eu possa mostrar com ineditismo Mussum – O Filmis após trabalhar e sonhar ininterruptamente ao longo destes 26 anos”, celebra.
Interpretando um protagonista pela primeira vez no cinema, Ailton Graça, comenta a estreia no festival, que já é um marco na sua carreira. “Este filme é a realização de um projeto de vida. É o primeiro ‘pretagonista’ que eu faço, e, dentro do meu histórico como artista, eu sempre quis fazer esse trabalho, fosse no teatro ou em qualquer lugar. Sempre tive esse desejo de poder homenagear ele, virou um longa que me deu muita felicidade na construção deste personagem , afirmou o ator, bem à vontade no papel.
Mussum já foi celebrado anteriormente no ótimo documentário biográfico (Mussum, um Filme do Cacildis, de Susanna Lira, 2019), uma obra que se aproxima bem mais dos dramas humanos do artista que também foi músico de sucesso, cantor e fundador dos fantásticos Originais do Samba – para muitos, o maior grupo de samba que já houve no país. No projeto da ficção, sente-se falta de um lado mais amargurado do artista, que era notório também pelas piadas e seu envolvimento exacerbado com as bebidas. Muito mais uma ode do que uma lupa sobre o lado humano de Mussum, a obra de Guindane peca pela exacerbação de confetes, ainda que a homenagem seja mais do que justa. A opção por deixar menor o lado doloroso vivido por Mussum é aceitável, mas não se deve entender as cinebiografias – tal como as biografias – pela metade. Até porque é na sua completude que ele se faz tão necessário.
O longa, que tem o mérito de resgatra a figura de Mussum para as novas gerações, ainda traz no elenco Thawan Lucas Bandeira, Yuri Marçal, Cacau Protásio, Neusa Borges, Jeniffer Dias, Késia e Cinnara Leal. O filme chega aos cinemas no dia 2 de novembro.