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O doloroso futuro de Roberto Carlos após morte de Erasmo Carlos

Biógrafo Paulo César de Araújo analisa a vida do Rei sem Tremendão

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 nov 2022, 07h59 - Publicado em 23 nov 2022, 07h00

A parceria de Erasmo Carlos e Roberto Carlos iria completar 60 anos em 2023. Eles começaram a compor juntos em 1963 e, desde então, colecionam sucessos. Nesta terça-feira, 22, a morte de Erasmo abalou o grande amigo, que soube da notícia através de parentes do cantor. O jornalista e pesquisador Paulo César de Araújo, autor da biografia Roberto Carlos Outra Vez, além de Roberto Carlos em Detalhes, que o levou a enfrentar um longo processo judicial, conversou com a coluna a respeito da importância de Erasmo na vida do Rei.

Leia também: Ouça emocionante mensagem de Roberto Carlos após morte de Erasmo Carlos

Qual é o legado de Erasmo para a música brasileira? Ele é importante em várias dimensões: como uma figura do rock brasileiro, um dos pais do rock nacional, junto com Rita Lee. Mas Erasmo começou primeiro, foi o primeiro a gravar, a aparecer. Uma figura de vanguarda no comportamento, que tem dimensão histórica, influenciou outros artistas. E também uma dimensão como compositor com Roberto, uma das duplas mais populares da história da música brasileira. Músicas que estão aí para sempre, com 40, 50 anos.

O que significa Erasmo para vida de Roberto? Significou uma amizade de uma vida e um grande parceiro. Muito da obra do Roberto Carlos foi em parceria com o Erasmo. Ele veio a ser aquele parceiro do ‘tempo das vacas magras’, do começo, quando todos nem sabiam o que ia acontecer.

Como eles se conheceram? Se conheceram na Tijuca, dois jovens. O Roberto foi participar de um show e queria uma letra da música do Elvis Presley. Aí um amigo em comum falou com ele: ‘É um rapaz tem tudo do Elvis’. E foram até a casa de Erasmo, e ele de fato tinha o álbum com a letra, era fã de Elvis, como o Roberto. Nesse dia, em 1958, começou uma amizade, o rock uniu os dois. A música os aproximou e fez dos dois, figuras históricas da música.

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Qual é a maior música que os dois compuseram juntos? São muitas músicas, muitos clássicos. Sentado à beira do caminho é uma delas, uma das mais regravadas da dupla. As Curvas da Estrada de Santos, composição dos dois e gravada por Roberto, é outro grande sucesso. Além do Horizonte... Eles foram o nosso Lennon e McCartney, no sentido de artistas de rock e pop.

Conte-nos uma curiosidade sobre a amizade da dupla. A parceria deles começou em 1963, cinco anos depois que se conheceram, então tiveram um tempo de amadurecimento. Em 1966 os dois tiveram um desentendimento, que acontece em algumas amizades. Erasmo participou de um programa e tocou algumas músicas, mas o apresentador não falou que era também do Roberto. E Erasmo não corrigiu no momento. Ficaram um período sem se falar, mais ou menos um ano, e em 1967 voltaram com tudo.

Como fica Roberto Carlos depois dessa perda? Vai ser difícil, você perder um amigo de uma vida, eles se conheceram na adolescência, com 17, 16 anos, não é fácil. E um parceiro em tantas canções. Fica uma ausência. E na próxima semana, dia 29, vai ser o primeiro especial dele sem a presença do amigo.

Quem assumiria a “vaga” de parceiro de Roberto? Ninguém. Pelo próprio tempo que eles ficaram, acho muito difícil. A tendência é Roberto seguir compondo sozinho, sem parceiro.

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