Todo tipo de manifestação deságua no Palácio Élysée, a sede do governo francês, em Paris. Nestes dias, o teor dos protestos, uma espécie de esporte nacional, tem a ver com algo que desde sempre mobiliza os locais — a gastronomia. A ira de ativistas ambientais e cientistas, que enviaram uma carta ao presidente Emmanuel Macron, 46 anos, tem como combustível a permanência nos menus das tradicionais cuisses de grenouille, as pernas de rã, o que estaria ameaçando a existência de distintas espécies do anfíbio na Ásia. A contenda ganhou inclusive contornos geopolíticos. “É um absurdo. As populações naturais de rãs estão protegidas pela legislação na Europa, que ainda tolera a importação de milhões desses animais de tantos países”, disparou Sandra Altherr, da ONG Pro Wildlife. Macron preferiu não se pronunciar.
Publicado em VEJA de 22 de março de 2024, edição nº 2885