Marcus Nadruz Coelho, coordenador da Coleção Viva do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, conversou com a coluna sobre as mudanças extremas de temperatura do planeta, que vêm afetando também o espaço de visitação na cidade. Fortes chuvas e dias muito quentes estão afetando várias espécies de plantas do parque, alerta o especialista.
“O Jardim Botânico é meio aterrado. A Lagoa Rodrigo de Freitas chegava muito ali perto. Então o lençol freático é muito alto, as plantas não necessitam enfiar a raiz muito profundamente para procurar a água, porque ela já fica ali. Então, por mais tempo que fique sem chover, há umidade embaixo da terra. No período de verão, o Jardim Botânico sofre muito. A água não é filtrada para baixo, não tem para onde escoar. O solo encharcado com o vento, a árvore cai”, explica.
O pesquisador também ressalta que as mudanças climáticas aumentam o desafio para cuidar da flora local. “Essa mudança no clima vai com certeza mexer com as espécies, no sentido delas ficarem em pé. Nos grandes temporais e ventanias, a tendência é derrubar as mais fracas. Já tem uma previsão de que daqui a 30, 40 anos, teremos aumento de dois graus na temperatura, o que equivale a um desastre. A tendência é piorar”.