Quis o destino que o aniversário de 80 anos de Roberto Carlos, em 19 de abril, caísse exatamente no pico da pandemia daquela doença cujo nome ele não pronuncia, nem deixa que pronunciem em sua presença. Por força do diagnóstico de transtorno obsessivo compulsivo, o cantor é desde sempre ferrenho cumpridor dos protocolos de higiene que o mundo agora segue e não precisou mudar a rotina por isso. Mas não contava ter de cancelar a festa de arromba: as oitenta velinhas, que em tempos normais mereceriam ao menos um show de arrebentar a boca do balão, serão sopradas pelo rei em casa, em pouquíssima companhia, só recebendo cumprimentos de amigos pelo telefone — fixo, que ele é desses. Roberto pede encarecidamente aos fãs que não se amontoem para cantar Parabéns na porta de seu prédio, na Urca, uma tradição de décadas. “Não venham, por favor. Neste momento, o amor pode ser sentido a distância”, manda o recado por meio de VEJA. Novos tempos, bicho.
Publicado em VEJA de 21 de abril de 2021, edição nº 2734