Vanessa Giácomo sobre pressão à mulher: ‘Nasce um filho, nasce uma culpa’
Atriz faz parte do elenco de ‘Florescendo’, da Paramount+
Vanessa Giácomo vive uma mãe no limite da sanidade no curta Maré, inserido na antologia Florescendo, escrito e dirigido por Giuliana Monteiro, disponível no Paramount+. A produção é composta por outros quatro curtas-metragens, que investigam as complexidades das questões de gênero. Em conversa com a coluna, a atriz explica a conexão maternal com a personagem, repleta de culpas e julgamentos de olhares dos outros.
“Fui mãe muito jovem, aos 24, e lembro que o tempo inteiro alguém me questionava. Aliás, sempre alguém te pressiona por alguma coisa. Mas sou a mãe que consigo ser, ninguém traz um manual. Não pode romantizar isso. Ninguém me avisou que era difícil e por isso a gente se sente culpada. Nasce um filho, nasce uma culpa. E chega de culpa para nós, mulheres. Tem que parar esse julgamento excessivo só com a mulher. Tenho 40 anos, seria mentira ignorar que nunca ninguém falou nada comigo, é comum. Mas cada vez, a mulher também entrando no lugar de liderança, essas coisas tendem a mudar”.
Em um set com mais de 70% da equipe formada por mulheres, Vanessa destaca a palavra “cuidado” como principal elo entre elas – substantivo muito usado pela diretora na escolha em tratar de violência de gênero. Giuliana quis trazer à tela a dura realidade da questão feminina. “O Brasil representa o terceiro ou quarto país que mais mata mulheres. Infelizmente a gente sempre vê manchete de feminicídio. Era impossível não tratar desse tema. Mas a preocupação foi não cair no estereótipo. Não quis associar violência de gênero à pobreza”, explica a diretora.