‘WiFi Ralph’: belas sacadas visuais e roteiro que não subestima o público
Animação satiriza com meiguice, mas também com franqueza e senso do absurdo, a era da hiperconectividade e da obsessão pela popularidade nas redes sociais
Seis anos atrás, Detona Ralph se revelou um delicioso pico de criatividade dos desenhos da Disney: com humor esfuziante, olhar esperto para a cultura pop e perspicácia na maneira como transformava um vilão de fliperama em herói, o filme surpreendeu a plateia com sua capacidade de tirar ouro de um personagem que não passava de uma nota de rodapé da década de 80. Ninguém parecia mais atônito com seu heroísmo, contudo, que o próprio grandalhão Ralph — nem mais grato com a amizade da adorável Vanellope, a destemida piloto de corridas de outro jogo. Esta continuação faz ainda melhor: ao levar Ralph e Vanellope de seu singelo mundo binário para o universo da internet, WiFi Ralph satiriza com meiguice, mas também com franqueza e senso do absurdo, a era da hiperconectividade e da obsessão pela popularidade nas redes sociais. Os personagens são um encanto, o roteiro e a animação, muito inspirados e as sacadas visuais, não raro geniais. O melhor, porém, é a maneira como o filme conversa de igual para igual com o público infantil, sem subestimá-lo com lições fáceis.