Foi um efeito borboleta. Há pouco mais de um ano, Anitta resolveu fazer uma tatuagem íntima. O momento foi registrado e compartilhado pela própria cantora e, lógico, logo se formaram dois grupos: os que adoraram a ousadia da superpoderosa e os que a classificaram como “sem noção” (dentre outros adjetivos piores). Fato é que gerou engajamento — e muito mais do que o esperado.
Em 2022, com as eleições presidenciais se aproximando e os ânimos fervendo, o cantor sertanejo Zé Neto resolveu ressuscitar, sem mais nem menos, a peripécia de Anitta. “Nós somos artistas que não dependemos de Lei Rouanet. Nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente está bem ou mal“, disse o parceiro de Cristiano durante um show na cidade Sorriso, no Mato Grosso.
O feitiço virou contra o feiticeiro. O comentário sobre a Lei Rouanet foi rebatido por uma gama de artistas e deu-se início a uma série de investigações do Ministério Público sobre o valor recebido pelo sertanejo e outros colegas em eventos em municípios pequenos. O de Zé Neto e Cristiano citado acima, por exemplo, saiu por 400 mil. Pouco depois, foi descoberto que o cantor Gusttavo Lima — que é também um crítico ferrenho da lei de incentivo à cultura — receberia R$1,2 milhão para fazer um show em Conceição do Mato Dentro, cidade mineira com menos de 20 mil habitantes. A apresentação foi cancelada em virtude da polêmica.
Lima desabafou em seu perfil do Instagram sobre a enxurrada de hates que está recebendo do público. E afirmou que não falará mais sobre política. Quem — por acaso — comentou o post foi o senador Flávio Bolsonaro (PL). “Fique firme, meu irmão. Você é um cara de bem”, escreveu o 01.
Depois que a crise estourou, Anitta “tirou o dela da reta”. Mas a web não deixou a tatuagem inusitada cair no esquecimento. No Twitter, usuários brincam que a cantora estará futuramente nos livros de história como a responsável por gerar a “CPI dos sertanejos”. Veja:
https://twitter.com/brunohue/status/1530741006567612416