O vídeo de dois policiais militares abandonando o batalhão de choque do qual faziam parte está se espalhando pela internet. O ato aconteceu hoje, durante uma manifestação dos servidores públicos, em frente ao Palácio Tiradentes, sede da Assembléia Legislativa do Estado do Rio (Alerj).
Os participantes protestavam contra o pacote de corte de gastos apresentado pelo governo do Estado e tentavam invadir o prédio da Alerj. Para contê-los, o batalhão de choque da Polícia Militar do Rio começou a jogar bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Neste momento, dois policiais que integravam o grupo desistiram da ação e andaram em direção aos manifestantes.
O estudante de jornalismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Julio Trindade filmou o instante. Em pouquíssimo tempo, o vídeo já alcançou mais de 10 mil compartilhamentos e quase 6 mil curtidas no Facebook. Ao blog, Trindade conta o porquê decidiu registrar a ação:
Você estava participando da manifestação quando gravou o vídeo? Não, sou estagiário do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) e estava voltando do almoço quando o batalhão de choque lançou uma bomba de efeito moral e as pessoas correram. Uma das senhoras presentes perdeu um acessório de cabelo e eu fui ajudá-la a pegar. Quando tentei voltar para o trabalho, as portas do tribunal estavam fechadas por causa do protesto e eu resolvi esperar na rua até poder entrar.
E você já estava filmando o ato? Eu tentei filmar tudo, mas a tropa de choque avançava e jogava bombas contra a população. Fiquei com medo do celular cair enquanto eu corria. Mas, quando os policiais abandonaram o batalhão, a situação estava mais calma e eu consegui gravar.
Assista também ao vídeo da “correria”, encaminhado por Trindade a este blog:
https://videos.abril.com.br/veja/id/8b2306b2fdd9301cd14cb22b522b42e3?
Por que resolveu registrar a atitude dos policiais? Achei muito emblemático dois policiais abandonando a tropa da qual fazem parte. Eles se recusaram a ir para o combate contra o próprio povo. O fato deles entenderem que aquela manifestação também era por eles, afinal são servidores públicos, é uma importantíssima mensagem aos brasileiros.
E o que aconteceu depois? Diferentemente do que está saindo em alguns veículos, eles não se juntaram aos manifestantes. Apenas os cumprimentaram e se retiraram, em direção ao posto policial mais próximo. Também não falaram mais nada. Soube que a atitude foi repetida por dois membros da cavalaria e que, por isso, todos devem ser punidos, com prisão administrativa.