Nem mesmo a morte fez Giorgio Armani deixar de olhar para o futuro…
O último desfile do mestre em Milão celebrou memória e sofisticação, mas trouxe vislumbres do que está por vir
Na penumbra da Pinacoteca Brera, lanternas iluminavam colunas e estátuas que pareciam silenciosamente testemunhar um desfile histórico: os últimos designs de Giorgio Armani, desfilados na Semana de Moda de Milão. Era como se cada peça ou tecido contasse um capítulo de uma vida inteira dedicada à elegância. “Minha moda sempre foi sobre liberdade e respeito ao corpo”, dizia o estilista, morto no dia 4 de setembro.
Abrindo a apresentação, o neerlandês Mark Wanderloo conduziu modelos de diferentes gerações em uma coreografia que era simultaneamente retrospectiva e manifesto para o futuro. Blazers que marcaram os anos 1980 pela silhueta mais quadrada, agora surgiam em sedas fluidas, leves, lembrando que a memória de Armani não pesa, mas acompanha. Cada movimento era pontuado por um piano ao vivo, que imprimia solenidade aos tons profundos de azul e neutros, mas sussurrava inovação pelos pequenos lampejos de cores.
Homens e mulheres caminhavam lado a lado, numa dança que celebra a própria história de Armani, famoso por vestir os homens de forma impecável, mas também as mulheres, para o mercado de trabalho ou em festas e tapetes vermelhos, com elegância inquestionável. Estava tudo ali: a contemporaneidade aparecia com sutileza em hoodies discretos, calças de gancho baixo e blazers sem gola com toques orientais.
Os vestidos de noite, todos azuis, eram de tirar o fôlego – em especial o último look desfilado, cheio de brilho e com o rosto de Armani estampado em uma bela e comovente homenagem ao fundador. Cada detalhe surgia como um diálogo silencioso entre passado e futuro, tradição e multiculturalismo. Como diria o próprio fundador da grife: “A moda é um diálogo entre gerações; não se trata de repetir, mas de reinterpretar.”. E assim foi feito.
A plateia, de smoking e vestidos impecáveis, reverenciava não apenas os 50 anos da maison, mas a contribuição de Armani para a alfaiataria moderna e para o cinema. Na primeira fila, Richard Gere, que abriu caminho para o legado do estilista nas telas ao vestir Armani em “Gigolô Americano” (1980), aplaudia emocionado. Cate Blanchett e Glenn Close completavam o trio de ícones presentes, provando que a elegância da maison é atemporal.
No final, o silêncio se transformou em aplausos a uma obra que transcende o universo fashion. Ali, entre luzes, tecidos que flutuavam e olhares reverentes, ficou claro: Giorgio Armani não se despede — deixa um caminho de elegância incontornável no futuro da moda.
Veja o vídeo e fotos do desfile de Giorgio Armani, em Milão:
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