Restringir propositalmente a respiração para alcançar maior excitação sexual é uma prática perigosa e talvez até por isso venha chamando a atenção dos jovens. É o que identifica pesquisas realizadas por centros de estudo na Austrália, Alemanha e Islândia. Na Faculdade de Direito, da Universidade de Melbourne, foram ouvidos 4702 pessoas, entre 18 e 35 anos. A maioria (57%) declarou que já havia experimentado a chamada asfixia erótica e metade (51%) que restringiu a respiração do parceiro ao menos uma vez na vida, durante o ato sexual. A média dos entrevistados repetiu a prática cinco vezes. Também chamou a atenção dos pesquisadores o fato desse jogo começar cedo, entre 19 e 21 anos.
“Estamos preocupados com a quantidade de jovens que consentem no estrangulamento sem saber o quanto pode ser prejudicial”, diz a coautora do estudo Heather Douglas, professora da universidade. Mesmo quando a pessoa não perde a consciência com a falta proposital de ar, o cérebro sofre prejuízos, entre eles, perda de memória e de habilidade em resolver problemas. “Os danos são acumulativos”, explica Douglas no estudo. “Cada vez que a pessoa é estrangulada, as condições se agravam.” Há outras sequelas, como dor no pescoço, perda da voz, dificuldade de engolir, náuseas e vômitos.
A prática tem risco de morte. Mesmo quando existe uma palavra ou gesto combinado entre os parceiros para identificar limites, o especialista explica que em alguns casos o indivíduo controladamente asfixiado perde a habilidade de se comunicar. E o risco está aí, quando o parceiro, sem saber, acha erroneamente que está tudo bem, e leva o outro a morte sem querer.
Na Alemanha, pesquisadores das Universidades de Hamburgo e Ilmenau publicaram estudo sobre práticas sexuais violentas consensuais. A investigação mostra que quatro em adultos com menos de 40 anos incorporam algumas dessas brincadeiras na relação sexual. Já na Islândia, 44% dos entrevistados, entre 18 e 34 anos, informaram terem experimentado a asfixia erótica, em um levantamento da Universidade de Reykjavink.
No Brasil, não se tem notícia de pesquisa similar. “Não sei dizer se isso virou uma espécie de moda entre os jovens brasileiros”, diz Carolina Ambrogini, ginecologista que coordena o Projeto Afrodite, centro de sexualidade, na Unifesp. “Esse tipo de caso nunca chegou ao meu consultório.” Mesmo que não tenha caído no gosto do brasileiro jovem, fica aqui um aviso dos pesquisadores de que o tempo de duração da asfixia está diretamente ligado aos efeitos. Veja a tabela abaixo:
Da inconsciência à morte, em segundos
- 10 segundos – leva à inconsciência
- 17 segundos – convulsão
- 30 segundos – perda do controle intestinal
- 150 segundos – morte