De pés no chão: as sapatilhas estão de volta ao topo das tendências
Entre o conforto e o ar moderno de sustentabilidade fashion, elas retornam em versões de estampas coloridas, teladas ou furadinhas
Em 2025, as sapatilhas inspiradas nas peças rasteiras das bailarinas voltaram a ocupar lugar de destaque no guarda-roupa feminino. Democráticas, confortáveis e versáteis, despontam em versões de estampas coloridas, teladas ou furadinhas; no indefectível preto básico; e no rastro das chamadas jelly flats, de plástico translúcido, que se assemelham a gelatinas, daí o nome em inglês. Não há estatística que dê conta do fenômeno, para além do crescimento de buscas na internet, mas um modo de medir o tamanho da onda é acompanhar os lançamentos internacionais.
Grandes marcas como Miu Miu e Alaïa investiram em versões luxuosas. Há modelos inspirados em tênis clássicos da Adidas e Puma. Nas passarelas de Milão e Paris, Gucci e Chloé já antecipavam a tendência há coisa de dois anos, agora com renovado estardalhaço. Bebe-se, é claro, da nostalgia. “A lembrança da moda dos anos 2000 movimenta a roda”, diz o stylist Dudu Farias, que trabalha com top models como Renata Kuerten, naturais influencers de estilo.
O desfile de pés no chão ganhou força com o endosso de celebridades. Gigi Hadid tem sido frequentemente fotografada com modelos de mesh branco, que deixam o pé à mostra. Anne Hathaway apostou nas versões clássicas nas gravações de O Diabo Veste Prada 2, em Nova York. Zendaya e Kendall Jenner foram vistas com diferentes desenhos, de modo a confirmar o item como o queridinho da hora. Na aparência, são democráticas, por serem fáceis de usar — com jeans ou vestidos, em festas ou caminhadas, de dia ou de noite (só convém evitar a chuva). Contudo, se há pares vendidos a preços para lá de razoáveis, a pouco mais de 100 reais, outros alcançam estratosféricos 5 000 reais ou mais.
Mas, afinal de contas, por que a retomada? Há, como primeira explicação, um gosto de nosso tempo, avesso a exageros e de mãos dadas com produtos que durem bom tempo, sem que o consumismo exagerado exploda sem controle. As sapatilhas atendem a essa postura, por discrição e pelo uso de materiais que podem ser reutilizados. É recurso desejado.
E mais: as sapatilhas atendem às demandas contemporâneas do tempo pós-pandemia: cabem em bagagens de viagem, substituem saltos quando necessário e funcionam no ambiente profissional. São híbridas, por poderem ser usadas dentro de casa e no escritório. Mais do que uma tendência passageira, representam, enfim, uma mudança comportamental na direção de escolhas mais conscientes e práticas. Serem bonitas é componente que as faz ainda mais atraentes.
Publicado em VEJA de 25 de setembro de 2025, edição nº 2963
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