No Brasil, chega a dois anos a fila de espera por aeronaves, principalmente de jatinhos com capacidade para 19 pessoas, cujo os valores beiram a casa dos 70 milhões de dólares. Mesmo depois de escoar a produção impulsionada pela pandemia, época marcada por um salto na demanda, a tendência de crescimento continua. Em 2022, quando as empresas entregaram a última leva dos produtos encomendados na Covid-19, a frota chegou a 9 607 aeronaves, e, em 2023, a 10 285 –um aumento de 6%. “O movimento reflete a confiança dos empresários na economia do país”, diz Flávio Pires, diretor geral da Associação Brasileira da Aviação Geral (Abag), que organiza a Labace, considerada a maior feira da aviação executiva da América Latina.
A 19ª edição do evento abriu as portas no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, nesta terça-feira, 6, sem poder abrigar todos os expositores interessados: 144 marcas estão com estandes montados e 44 ficaram em lista de espera para uma próxima edição, que vai aumentar de tamanho. Isso porque a feira sai do Aeroporto de Congonhas e ganha novo endereço: o Aeroporto Campo de Marte. A organização terá mais espaço, 52 mil metros quadrados, e a possibilidade de receber visitantes, que desejem chegar no aeródromo de avião. “Também teremos como fazer demonstrações porque o trânsito aéreo é bem menor do que o de Congonhas, que concentra 86% do movimento do Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior do estado paulista”, diz Pires.
Mercado aquecido
O mercado da América Latina é estimado em US$ 640 milhões e deve mais do que dobrar até 2029, de acordo com a Mordor Intelligence. No Brasil, os especialistas acreditam que a alta da demanda tem a ver também com uma mudança de conceito. “Na pandemia , a única forma de se locomover era a aviação executiva”, diz Leonardo Fiuza, presidente da TAM AE. O Brasil teve uma explosão de voos no setor, porque era a única saída para uma gama de empresários, que precisavam se deslocar pelo país impreterivelmente. Nesta época a fila de encomendas de novas aeronaves saltou de um ano para dois. “Com o uso frequente, perceberam o jato como instrumento de que dá flexibilidade à agenda de negócios.”
Na América Latina, região o Brasil se destaca como o número 1 do ranking de jatos em operação. O segmento que mais cresce é o de aviões turboélice (15,4%), que tem a vantagem de conseguir pousar em qualquer tipo de pista. Por isso, é muito procurado pelo agronegócio, setor mais pujante da economia brasileira. Entre os modelos preferidos, o suíço Pilatus PC-12. Em segundo lugar, estão os jatos (12,5%), caso do americano monomotor Vision SF50 (também conhecido como Vision Jet), da Cirrus Aircraft de Duluth, com capacidade para seis pessoas.
Mais vendido
Outro sucesso do mercado é o brasileiro Phenom 300, da Embraer, líder mundial de vendas na categoria leve há 12 anos. Ela tem capacidade para seis pessoas e opera em mais de 40 países. Na ultima década, foram vendidas 730 unidades, que custam a partir de 12 milhões de dólares. No ano passado, a Textron Aviation, representada pela TAM AE, no Brasil, lançou o concorrente Cessna Citation CJ3 Gen2, projetado para carregar até 10 pessoas.
“Para uma empresa, o custo de um jato ou de um helicóptero é diluído ao longo do tempo e representa mais conforto, segurança e praticidade” diz Fiuza. O cliente sai do fluxo regular de embarque e desembarque. Estaciona com o carro dentro do próprio hangar e conta com uma sala VIP, caso precise fazer uma reunião de negócios antes de entrar na aeronave.