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“Espero que no futuro o G-Shock seja reconhecido como os relógios suíços”

Responsável pela icônica marca de relógios "indestrutíveis" da japonesa Casio, Kikuo Ibe esteve no Brasil para celebrar 40 anos de sua mais famosa criação

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 jul 2023, 20h04
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  • O engenheiro Kikuo Ibe, criador do G-Shock, com uma variação do modelo original -
    O engenheiro Kikuo Ibe, criador do G-Shock, com uma variação do modelo original -  (JB Lacroix/Getty Images)

    A história de como o engenheiro japonês Kikuo Ibe, funcionário da Casio, criou o primeiro modelo da linha G-Shock já faz parte das grandes lendas do mundo da relojoaria. Ibe viu o relógio mecânico que havia recebido de presente do pai cair no chão e se espatifar. Decidiu, então, desenvolver um modelo capaz de aguentar uma queda de 10 metros, ter uma resistência à pressão da água de 100 metros de submersão e uma bateria que durasse dez anos.

    Foram duas centenas de protótipos até que Ibe teve a ideia de isolar o movimento do relógio, a peça principal, dentro de um sistema à prova de impactos. A ideia veio ao ver uma criança brincando com uma bola de borracha. O primeiro G-Shock foi lançado há exatos quarenta anos, e desde então se tornou um fenômeno de vendas.

    Hoje, é visto no pulso de celebridades, é vendido de milhares de opções de cores, modelos e edições limitadas, muitas feitas em parceria com marcas famosas do mundo da moda, e aparece em coleções junto com peças que custam muito mais.

    Em visita ao Brasil para celebrar os 40 anos do lançamento do primeiro G-Shock, em 1983, Kikuo Ibe conversou com a VEJA sobre seu trabalho, a posição do G-Shock na relojoaria mundial e o apelo atemporal de modelos digitais e analógicos na era dos dispositivos inteligentes.

    A linha G-Shock está completando 40 anos. Como você vê a evolução dos relógios nas últimas quatro décadas?
    Nunca imaginei que eles fossem chegar tão longe. Começamos com os modelos que hoje chamamos de origem, que hoje têm um design idêntico ao original, mas com mais tecnologia, como bateria solar ou sincronização com relógios atômicos para maior precisão. Temos linhas mais novas também, como os modelos 2100, chamados de “nova origem”. E recentemente desenvolvemos ainda opções totalmente em metal, consideradas premium e voltadas para o público ‘high end’.

    Vocês oferecem desde modelos de entrada, a preços acessíveis, quanto opções ‘high-end’. Qual é a estratégia de segmentação?
    Temos duas linhas de produtos. A linha casual, apesar do preço ainda ser considerado alto aqui no Brasil, são mais acessíveis para todo tipo de consumidor. Temos também a linha high end, que não são modelos casuais. Colocamos esses produtos em lojas específicas. Queremos que a pessoa entre em contato com os modelos casuais e tenham vontade de continuar consumindo, eventualmente chegando aos modelos mais caros.

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    Como é o processo de desenvolvimento de um novo modelo?
    Quando um produto entra em desenvolvimento pela primeira vez, como um relógio para mergulhadores, por exemplo, a equipe responsável tira uma licença de mergulho para ter a experiência em primeira mão. Eles fazem também uma pesquisa com profissionais para entender as demandas. A partir de todas as informações coletadas, eles se reúnem e discutem quais serão as funções a ser incorporadas no modelo. O Frogman, por exemplo, tem um dos lados um pouco mais curto que o outro. Não é simétrico, para não atrapalhar os movimentos do pulso dos mergulhadores.

    Os modelos G-Shock conseguem cativar tanto colecionadores mais esnobes quanto usuários comuns. Como?
    Primeiro, o G-Shock é conhecido pela robustez, como um relógio indestrutível. Esse é o conceito que todos têm em mente. Mas desenvolvemos tantas variedades de cores, modelos e funcionalidades que muitos passaram a ver como um acessório fashion, como parte da moda. Toda vez que venho para o Brasil, percebo isso claramente.

    Falando em sua visita ao Brasil, como é ser recebido pelos fãs? Há sempre filas de pessoas esperando um autógrafo e uma foto. Você se sente um popstar?
    Não, não, sou só um funcionário. Nada disso [risos]. Só tenho a agradecer pelos fãs.

    Embora sejam relógios com funções bem específica e utilitárias, os modelos G-Shock entraram para a cultura pop. Como isso aconteceu?
    De fato, quanto desenvolvi o relógio estava pensando nos trabalhadores da rua por onde passava, que não usavam relógios porque eles não eram resistentes para o ambiente de obra. Pensei nesse tipo de público. Mas acho que a decisão de lançarmos sempre novas cores e design, mas mantendo a mesma funcionalidade, fez com que mais pessoas se interessassem. Ele começou a aparecer na TV, na mídia, e muitos se interessaram. É muito gratificante.

    Casio e G-Shock oferecem uma grande variedade de modelos vintage, de grande apelo. Assim como acontece com tênis de basquete dos anos 1980 e 1990, porque há um interesse tão nostálgico pelos produtos dessa época?
    Acho que as pessoas gostam do desenho. Mantemos sempre o mesmo formato externo, mas dentro as funções evoluíram. Há muito mais tecnologia. Quando falamos em vintage, pensamos só no formato, mas ele mudou muito. E vendemos os mesmos modelos no mundo inteiro. Fazemos questão de oferecer ao consumidor as mesmas opções.

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    Como explicar o apelo atemporal dos relógios digitais ou analógicos, especialmente modelos vintage, na era dos smartwtches?
    Smartwatches são ótimos produtos. Mas é um relógio que tem um estilo único. As funções estão dentro de uma caixa quadrada. Por ser dessa forma, não é um item que permite que você se expresse. Com os nossos relógios, no entanto, ter estilos, cores e modelos permite que as pessoas se expressem. Elas podem fazer diferentes combinações com a roupa que estão usando. E isso faz com que tenha muito apelo. Minha opinião pessoal é que a pessoa pode ter um smartwatch para ter acesso a todas as funções, mas quando quiser mudar o estilo, tenha um G-Shock à mão.

    Como você vê a posição da linha G-Shock no mundo da relojoaria?
    Vamos continuar trabalhando a linha de relógios casuais como sempre fizemos, lançando novas tecnologias, modelos e cores. A linha premium é recente, e ainda pouco reconhecida. Queremos que ela ganhe um pouco mais de força. Espero que, no futuro, nosso G-Shock seja reconhecido lado a lado com os grandes relógios suíços.

    Você já disse em entrevistas que têm apelas três relógios em sua coleção. Por que não coleciona outros?
    Realmente, só tenho três cores diferentes do mesmo modelo, o relógio original que desenhei há 40 anos, em preto, vermelho e branco. Troco a cor dependendo do meu humor e das estações do ano. Para mim, é o suficiente. As pessoas até me oferecem algum modelo de presente. Acho que eles pensam que não tenho dinheiro para comprar! [Risos]

    Qual modelo dá mais orgulho de ter criado?
    Não adianta falar do passado. Prefiro falar do futuro. No outono (primavera no hemisfério sul), vamos anunciar um novo modelo, diferente de tudo o que já criamos. E temos a meta de anunciar, no ano que vem, um relógio com formato idêntico ao original, mas produzido completamente em safira. Ele está sendo bem difícil de construir, mas estamos avançando e teremos ele pronto em breve.

    Você já afirmou que queria desenhar um relógio que funcionasse no espaço. Como anda esse projeto?
    Não temos nada ainda. O que é mais difícil é que há uma variação muito grande de temperatura no espaço, de duzentos graus negativos a mais de 400 graus. Essa diferença faz com que o ambiente seja muito rigoroso. Os componentes eletrônicos dentro da caixa do relógio não aguentam.

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