Reunir-se em volta de uma fogueira é um costume mais do que ancestral. Cientistas europeus apostam que se trata de um hábito pre-histórico. Os primeiros hominídeos provavelmente criaram essa tradição entre 250 mil e 50 mil anos atrás como forma de interação social e para se alimentar. É o que indicam restos de artefatos, lenha e alimentos encontrados em um sítio arqueológico em Madri, na Espanha.
Os grupos humanos têm uma longa associação com o fogo. Na África e no Oriente Médio essa relação pode ter começado há mais de 700 mil anos e na Europa há pelo menos 400 mil anos. Usos do fogo para fins específicos, como a cocção de alimentos, tem datação menos clara. No entanto, uma pesquisa publicada na Scientific Reports traz evidências que sugerem que havia fogueiras intencionais sendo feitas na Europa há aproximadamente 200 mil anos, o que pode ser um indicativo que o fogo era dominado para fins específicos.
Um grupo de pesquisadores estudou a região de Valdocarros II, a leste de Madri, e encontrou indícios de várias fogueiras. As análises químicas do material estimam que a combustão atingia temperaturas que iam de 280°C a 350°C, o que ultrapassa o limite de calor necessário para o aquecimento ou para assustar animais, abrindo a possibilidade de que fossem feitas com o objetivo de cozinhar alimentos.
Os pesquisadores encontraram indícios da queima de pinheiros e fungos, o que pode significar que madeira podre era usada para fazer fogo. O fato de restos de pinheiro terem sido a escolha desses humanos ancestrais chama a atenção, já que a árvore não era abundante na região, levantando a hipótese de que a madeira foi escolhida propositalmente. Alguns povos indígenas modernos continuam usando madeira podre para produzir fogo, isso porque esse tipo de material é mais fácil de queimar e atinge temperaturas mais altas, ideias para a transformação de alimentos.
Apesar dos indícios, ainda não está claro quais espécies de humanos primitivos podem ter usado as fogueiras e até agora não foram registrados vestígios de comida. Mas a equipe está analisando ferramentas de pedra encontradas perto do fogo que contêm vestígios de gorduras animais e vegetais, além de materiais carbonizados.