O recente desastre climático no Rio Grande do Sul deixou muitos mortos e milhares de pessoas desabrigadas. Mas também virou assunto pelo grande número de animais perdidos e abandonados em meio às enchentes, que provocou grandes mobilizações de resgate e, posteriormente, reencontros emocionantes com seus tutores. Fora o aumento de adoções realizadas no próprio estado e fora dele.
Mesmo em torno de uma tragédia, essas situações, contudo, acabaram chamando a atenção para o tema e estimularam empresas do setor pet a realizarem ações positivas pelo bem-estar animal. A última é a campanha “Petlove não vende”, da gigante Pet Love, que só em 2023 faturou R$ 1,34 bilhão, mas “quer acabar com todo tipo de comercialização prejudicial ao bem-estar dos pets”, que vai desde a venda de animais em vitrines até a distribuição de produtos considerados nocivos como coleiras de choque, conhecidas como anti-latido, para cães, e com guizos para gatos, enforcadores de metal, anticoncepcionais para fêmeas, medicamentos falsificados, gaiolas, spray sonoros, osso de couro em nó, protetores de unhas antiriscos e até rações veganas para felinos.
“As coleiras de choque ou anti-latidos, por exemplo, são dispositivos que causam dor, medo e estresse nos cães. Ao contrário do que possa parecer, elas não ajudam a diminuir os latidos, mas sim agravar problemas comportamentais, aumentando a reatividade do pet, assim como os enforcadores de metal, que podem interromper o fluxo sanguíneo, aumentar a pressão intraocular, deslocar vértebras cervicais e colapsar a traquéia”, diz Pedro Risolia, um dos médicos-veterinários à frente do comitê de ética da Petlove. “No caso dos gatos, coleiras com guizo também são inadequadas. O barulho constante interfere na audição dos felinos e pode causar estresse e perda auditiva”, completa.
Informação e Recolhimento
Além da campanha manifesto, narrada pela apresentadora Ana Maria Braga, a companhia pretende informar as pessoas sobre os cuidados essenciais para que os animais tenham uma vida saudável – ação organizada em parceria com o Instituto Caramelo, respeitada organizações de bem-estar animal – e recolher tais produtos nocivos até esta quinta-feira, 4, nas lojas físicas da Petlove, em São Paulo, onde os tutores podem realizar a troca desses itens prejudiciais por um cupom de R$ 50.
“Medicamentos falsificados também são um problema para os pets já que formulações inadequadas e/ou adulteradas podem levar os animais de estimação a quadros graves de intoxicação e até mesmo à morte”, alerta Risolia, que chama a atenção também para anticoncepcionais para fêmeas, que são usados de forma indiscriminada. “Podem causar diversas doenças em decorrência de alterações hormonais, como tumores mamários. A melhor alternativa é a castração, já que elimina o risco de gestações indesejadas e de quadros graves de saúde”, sugere.
O veterinário ainda chama a atenção para o cuidado na adoção de animais, que deve ser responsável, pesquisada e pensada antes. “É importante que os futuros tutores sempre busquem por organizações comprometidas com o bem-estar pet. O Brasil conta com mais de 30 milhões de pets abandonados em busca de um lar. Por isso, adotar um animal de estimação para fazer parte da família é sempre uma possibilidade a ser levada em consideração”, finaliza.