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Já ouviu falar em doces saudáveis?

Sem lactose, açúcar e glúten, mas muito sabor, chocolates, sobremesas e bolos fazem sucesso entre consumidor fitness e com restrições alimentares

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 12h30 - Publicado em 11 mar 2024, 08h52
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  • Quem nunca se sentiu uma criança gulosa diante de uma vitrine de doces? Mas infelizmente nem sempre tudo o que enche os olhos faz bem ao organismo. É enorme o número de pessoas com restrições alimentares. O Brasil tem 16,8 milhões de diabéticos. Isso sem contar os brasileiros com restrições não tão conhecidas, mas nem por isso menos importantes. Estima-se que sete em cada dez pessoas tenham intolerância à lactose e 2 milhões de brasileiros ao glúten. A lactose é uma proteína do leite e o glúten está presente na farinha, que fazem parte dos ingredientes básicos da confeitaria clássica. De olho no público que fica sempre de fora das docerias comuns, surgiram novos negócios especializados em sorvetes, brigadeiros e bolos, entre outras delícias, sem lactose, açúcar e glúten. Há ainda quem não trabalhe com nenhuma linha de refinados, seja o açúcar ou a farinha, nem muito menos adicione conservantes aos produtos. Essa linha passou a ser conhecida no mercado como doces saudáveis e vem se multiplicando pelas grandes capitais.

    Caso de sucesso é a rede Isabela Akkari, que virou uma referência no ramo. Com lojas no Rio de Janeiro e em São Paulo, trata-se de uma doceria fina, cujos brownies e brigadeiros surgem em embalagens diferenciada, que saltam aos olhos. O café é servido em delicadas xícaras de porcelana. Os bolos tem leveza e fofura, sendo que a falta do açúcar refinado não compromete o sabor: não deixa resíduo amargo na boca, característico da estévia, adoçante substituto do açúcar muito usado no mercado. Para quem nunca experimentou, vale destacar que é uma linha com sabor menos açucarado que os doces tradicionais – o que decepciona alguns paladares.

    Paulista radicado há 15 anos no Rio de Janeiro, Luciano Rossi, 54 anos, sempre estranhou o fato dos cariocas terem muitas opções naturais de comida salgada, mas pouco a oferecer em doces nessa linha. “Queria tirar o açúcar da minha alimentação, mas continuar comendo doce”, conta Rossi. Assim, apesar de ter dedicado boa parte da vida profissional à moda, ele decidiu inovar e com o sócio abriu a AnThom, há pouco mais de quatro anos, com bolos, tortas e sobremesas saudáveis.

    O início foi tímido e cuidadoso. Em casa, o sócio, Marcos Figueira, 49 anos, o confeiteiro da dupla, estava determinado a desenvolver receitas que dessem o mesmo prazer que os doces clássicos. Um dos desafios, por exemplo, era chegar a um bolo sem glúten que não fosse seco. Só quando brownies e banoffes ficaram no ponto, começaram os testes degustativos com os amigos e depois com os conhecidos da academia. Quando o boca-a-boca da novidade pegou, reforçaram o esquema de vendas delivery até que inauguraram a primeira loja física na Barra da Tijuca e depois no Leblon. “O plano é expandir para São Paulo”, diz Rossi.

    De fato, o mercado paulistano é muito aberto à alimentação mais natural. Tanto que a Corpfit Gelato Saudável começou no interior de São Paulo, em Tabapuã, e acabou mudando para a capital do estado. “Recebia tanto pedido, que passava mais dias em São Paulo do que na minha cidade”, conta a chef e fundadora da marca, Juliana Baldi. Atualmente, com duas lojas, ela oferece 30 sabores de sorvetes, sem glúten, lactose e açúcar. Um diferencial da marca é a casquinha recheada com doce de leite ou cacau, feita com pasta de amendoim, farinha de coco e de linhaça dourado– sem açúcar e gordura trans.

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    Até mesmo grandes redes de chocolate gourmet passaram a dar mais atenção aos produtos ditos saudáveis, mesmo com os desafios impostos pelos ingredientes. “A substituição do açúcar na confeitaria, em especial, pode comprometer também o ponto do doce”, explica a chocolatière Luciana Lobo, chefe de inovação da Dengo, com 38 lojas no brasil e duas em Paris.  No chocolate, o açúcar comum é muito importante na conchagem – processo de mistura e arejamento em estado líquido –, considerado etapa crucial para eliminar a acidez, o amargor e chegar à textura desejada do cacau. Luciana substitui o açúcar pelo eritritol e xilitol, dois adoçantes naturais, para desenvolver a linha zero da marca. “Temos o chocolate quebra-quebra de banana convencional e sem açúcar. Os dois são igualmente procurados”, diz ela. O sucesso das linhas especiais tem a ver com a felicidade do consumidor, cada vez mais exigente em relação aos ingredientes dos alimentos.

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